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Casais homoafetivos provam que o conceito de família está no amor pelos filhos

Ana Gabriela corre, brinca, mas está sempre acompanhando a mãe com os olhos. A menina está perto de completar nove anos, é uma boa aluna e tem duas mães. Apesar da família “diferente” causar estranhamento em alguns coleguinhas, Ana Gabriela tira de letra todo o preconceitoe já compreende o conceito de família de maneira bem mais extensiva que muitos adultos. “Se ter uma mãe é bom, imagina ter duas?”, ensina.
 
As mães, Ana Regina Bourguignon e Cristiane Viera se conheceram quando a filha tinha um ano. “Desde de criança eu tinha vontade de adotar um filho, e adotei a Ana Grabriela quando ainda era solteira. Um ano depois eu conheci a Cris e nós passamos a viver juntas e ela passaram a conviver juntas. Em 2010 nós fizemos um contrato de união estável em 2012, procuramos um cartório para regularizar o casamento civil”. O casal foi o primeiro do Estado a regularizar a união em cartório após a decisão do Superior Tribunal Federal, que permite a união entre casais homoafetivos.
 
A rotina da menina é como a de qualquer outra criança, e tanto as mães, quanto a filha, não se sente nenhum pouco diferentes de uma família tradicional. “Hoje no Brasil a definição de família é muito mais extensa, então não cabe mais o conceito de família como pai, mãe e filhos. Existem famílias só com a mãe ou com o pai, com avós, tios, e com casais homoafetivos”, completa Ana Regina.A filha estuda em uma escola católica, que aceita muito bem o arranjo familiar na família. Infelizmente, Ana Regina conta que a ainda existe muito preconceito, até mesmo na própria família, que não aceita sua orientação sexual.
 
Um outro casal homoafetivo capixaba venceu o preconceito e hoje tem uma família mais completa. Gabriel e Eduardo (os nomes foram alterados pois o processo de adoção ainda não foi concluído), são casados a três anos e a seis meses ganharam um novo membro para a família, um lindo menino de quatro anos. O filho vivia na rua com o pai biológico – que é primo de Gabriel e usuário de drogas – mas quando o pai foi preso e mãe não quis ficar com a criança, Gabriel o acolheu em sua casa. Hoje, a criança vive muito feliz, estudando, com um lar e cercada de amor. Enquanto fala sobre o filho, fica claro o amor e o orgulho que Gabriel sente: “Não tínhamos planos de ter um filho, mas acredito que tenha sido coisa do destino. O que eu sinto por ele eu nunca senti por ninguém, é incondicional, amor de pai”. Hoje, os pais não conseguem imaginar a vida sem o filho. “Uma família especial, atraiu uma criança especial”, completa o pai, emocionado.
 
A criança, viveu boa parte de sua vida na rua, e teve uma infância muito diferente da maioria dos meninos de quatro anos, por isso hoje é acompanhada por um psicólogo que ajuda a família a se adaptar a essa nova rotina. Gabriel e seu companheiro ainda não explicaram seu relacionamento para o filho, mas a criança já compreende que tem dois pais e lida muito bem com a situação: “Ele sempre repete uma frase muito marcante para nós: família é coisa boa.”

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