O Espírito Santo deve apresentar um resultado primário negativo nas contas públicas de R$ 1,3 bilhão no próximo ano. A estimativa é da futura secretária da Fazenda, Ana Paula Vescovi, em entrevista ao jornal Valor Econômico. A economista reafirmou a necessidade de um ajuste fiscal, sobretudo em um cenário desfavorável para 2015. Entre os problemas, ela listou a queda no preço do petróleo e das commodities (minério de ferro), além de diminuição das transferências do governo federal.
“Estamos olhando 2015 com mais do que prudência, com muita cautela. O mais provável é que tenhamos queda real de arrecadação”, afirmou a secretária, nomeada pelo governador eleito Paulo Hartung (PMDB). Ana Paula repetiu o discurso do peemedebista contra o aumento dos gastos correntes – no governo Casagrande, os gastos com pessoal registraram uma alta devido à aprovação de novos servidores, mesmo assim ficando bem abaixo do limite. “Vamos precisar recompor a capacidade do Estado investir com recursos próprios, que foi perdida nos últimos anos com o aumento do gasto corrente”, declarou à publicação.
Chama atenção que o discurso de déficit fiscal surge após a polêmica sobre as contas do governo Casagrande no ano de 2013. Durante a discussão na Assembleia, os aliados do peemedebista estiveram próximos de rejeitar as contas do socialista em função do descumprimento da meta fiscal. O debate saiu da esfera técnica e invadiu a seara política com a deflagração de uma disputa interna, que culminou com a aprovação das contas com ressalva – apesar do parecer do Tribunal de Contas ter sido pela aprovação sem qualquer exceção.
Na entrevista ao Valor, Ana Paula Vescovi ressaltou o cenário econômico adverso para o próximo ano, sobretudo, em relação à queda nos preços do petróleo e do minério de ferro. “Estamos assistindo a uma quase reviravolta neste cenário, com queda de 50% dos preços de petróleo. A desvalorização da taxa de câmbio não compensa essa queda dos preços internacionais”, afirmou.
Segundo cotações do mercado, o preço do barril de petróleo está batendo na casa dos US$ 56, menor nível desde maio de 2009. Enquanto o preço da tonelada da commodity caiu 50% no ano – saindo de US$ 123 em janeiro para fechar US$ 68 em dezembro. Por conta do modelo industrial capixaba, as receitas com royalties de petróleo e a produção de commodities e produtos semielaborados têm maior peso na arrecadação do Estado.