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Praça do Cauê e armazéns da Codesa têm destinos incertos no governo Hartung

O governo Renato Casagrande (PSB) até deixou clara a intenção de submeter espaços públicos de Vitória a seu programa de mobilidade urbana. Mais especificamente, a Praça do Cauê, em Praia de Santa Helena, e os armazéns da Codesa, no Centro, sumiriam para virar estações do Sistema BRT (vias exclusivas para ônibus), a principal bandeira do programa.
 
A ideia só não virou realidade porque parte expressiva da sociedade civil soube demonstrar e defender um outro conceito de mobilidade urbana, mais humano e menos agressivo. Não custa repisar que a Grande Vitória precisa remodelar seus parâmetros de transporte público e mobilidade. Ninguém duvida. Mas daí a fazê-lo ao sacrifício da memória/história da cidade vai uma boa distância.
 
O futuro da Praça do Cauê – rebatizada mui sintomaticamente de Praça do Ciclista – e dos armazéns da Codesa são uma boa questão e uma boa dúvida que nos ficam para os próximos quatro anos. Como o governador eleito Paulo Hartung (PMDB) ainda não mostrou um projeto de mobilidade urbana consistente em seu programa de governo – apenas vaguezas bem ornadas – a questão e a dúvida ficam mais nebulosas. 
 
Em 2013, o governo estadual colocou até uma placa de uma sorridente motorista com o anúncio: “Novo acesso à Terceira Ponte na Praça do Cauê”. Por sua vez, a Prefeitura de Vitória tentou contornar a contrariedade ao novo acesso com um projeto classificado de “modernização”. Não rolou. A placa foi removida e a modernização, engavetada. Os moradores querem o Cauê intocado. 
 
No início de dezembro, um artigo em A Gazeta do economista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Arlindo Villaschi, chamou atenção para o fato de que hoje Vitória dispõe de poucas áreas livres, uma vez que se esgotou seu processo de expansão física. Abrir mão da Praça do Cauê, local em que, acreditem ou não, famílias do entorno ainda levam seus filhos ali para brincar, seria indispor ainda mais a capital de áreas livres e públicas.
 
Os desejos escancarados pelas Jornadas de Junho de 2013 – cidades feitas antes para as pessoas que para os carros – ainda não foram contemplados pelos agentes públicos capixabas. Uma cidade mais humana tanto estimula o transporte alternativo – do qual a bicicleta virou símbolo incontestável – quanto oferece transporte público confortável, pontual e de qualidade – ainda uma quimera em terras capixabas – quanto preserva a própria memória.

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