Um recente estudo produzido pelo Banco Mundial (BM) revela que um cidadão latino-americano produz em média até 14 quilos de lixo por dia. Em todo o mundo, mais de 15 milhões de pessoas sobrevivem com esse tipo de trabalho. Do total, 4 milhões estão na América Latina. O problema é que pelo menos 75% fazem isso de forma irregular, praticamente sem segurança em relação ao meio ambiente e, por isso, na maioria das vezes, prejudicando a própria saúde.
Ricardo Schusterman, especialista em desenvolvimento social, declarou à ONG Brasil que há uma longa cadeia de intermediários, o que resulta em exploração e crime, configurando a situação gerada pelas condições insalubres.
No Peru, transformar o resto ou desperdício em negócio é a missão da associação Cidade Saudável. O objetivo dos participantes é buscar uma mudança de atitude em relação ao lixo sólido. A entidade já treinou e formalizou mais de 11.500 catadores naquele País.
Em toda a América Latina, se o lixo fosse separado de forma correta, ou seja, na origem, cerca de aproximadamente 90% seria transformado em combustível ou material reciclado. Isso facilitaria o trabalho dos recicladores e seria uma forma de auxiliar o planeta e, ao mesmo tempo, garantir uma fonte de renda.
No Brasil, essa é uma discussão que, mesmo legalizada, ainda passa por várias questões sociais. Depois de tramitar durante 20 anos no Congresso Nacional, foi regulamentada a Lei nº 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Em alguns outros países latino-americanos, como a Colômbia, projetos de lei ainda estão em tramitação.
Outro dado do BM é que 80% do consumo privado no mundo é realizado por 20% da população. A cada 1% de crescimento nos países ditos “emergentes”, o lixo acumulado cresce 0,69%. Segundo dados da ONU, no mundo sete bilhões de habitantes produziram 1,4 bilhão de toneladas de lixo nos últimos 30 anos. A expectativa é que, em 10 anos, o montante chegará a 2,2 bilhões de toneladas.
Estão na lista desses produtores de lixo os 34 países mais ricos do planeta, que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). Liderando as estatísticas, ficam os Estados Unidos, com 5% da população mundial consumindo 40% dos produtos. O Brasil é considerado o quinto país nessa lista, com 78 milhões de toneladas em 2014.
O BM apontou que o Brasil, até 2020, será o quinto maior mercado consumidor do mundo. A pesquisa ainda destaca que, se em território brasileiro 42% dos resíduos sólidos jogados em lixões a céu aberto fossem para aterros sanitários, o aproveitamento do biogás e a compostagem gerariam 110 mil novos empregos nos próximos 18 anos. Com esse panorama, seriam injetados US$35 bilhões na economia.