Novos plantios de eucalipto estão sendo feitos em terras públicas no noroeste do Espírito Santo. As áreas foram reivindicadas ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A denúncia é do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Alguns dos plantios são realizados pelo Grupo Simão, no município de Montanha. O grupo tem 26 mil hectares, e é dos maiores do Estado. Outras propriedades de grande porte também estão sendo empregadas nas novas plantações de eucalipto.
Ednalva Moreira Gomes, da direção estadual do MST, lembrou que o Espírito Santo tem cerca de 1 milhão de hectares de terras devolutas. A prioridade destas terras é a reforma agrária, para produção de alimentos. A quase totalidade do eucalipto produzido no Espírito Santo é para a Aracruz Celulose (Fibria).
O governo do Estado estimula os novos plantios de eucalipto. “O Idaf não faz as vistorias requeridas nas terras devolutas”, se queixa Ednalva Moreira Gomes. Assim, não há como assentar os trabalhadores rurais que precisam da terra para produzir alimentos.
Além dos plantios de eucalipto feitos pelo latifúndio, a Aracruz Celulose vem ampliando os plantios por meio dos pequenos proprietários, na forma de fomento.
A empresa, também latifundiária, plantas terras sem obedecer a legislação: nem as margens de córregos e nascentes são respeitadas. A prática desconsidera que os plantios são feitos em Áreas de Preservação Permanente (APPs).
A Aracruz Celulose foi a realização do sonho do norueguês Erling Sven Lorentzen, casado com a princesa Ragnhild, irmã do rei Harald V. Ele escolheu o Brasil para montar seu próprio império.
Chegou em plena ditadura militar, e os ditadores foram seus vassalos: arranjaram todo o dinheiro que precisava para montar a Aracruz Celulose. Dos políticos do Espírito Santo recebeu todo apoio.
Só de mata atlântica no Espírito Santo, a empresa destruiu mais de 50 mil hectares, matando toda sua biodiversidade. Lorentzen , sem gastar um tostão, fez fortuna de bilhões: recebeu R$ 2,71 bilhões (1,004 bilhão de euros ou 1,67 bilhão de dólares) em 2008 por suas ações na empresa.
A grilagem pela Aracruz Celulose (Fibria) das terras no Brasil, particularmente no Espírito Santo, onde começou suas atividades, foi realizada em terras camponesas, dos quilombolas e dos índios.
Dos índios foram tomados cerca de 40 mil hectares, dos quais a transnacional foi obrigadas a devolver 18.070 hectares. Os quilombolas e os camponeses ainda lutam para reconquistar as suas terras.