Dos municípios da Grande Vitória, a Capital capixaba é seguramente a cidade que recebe a maior carga de pó preto das poluidoras Vale e ArcelorMittal. Os altos índices de poluição do ar, torna os moradores de Vitória as maiores vítimas das doenças respiratórias provocadas pela emissão de CO2 na atmosfera.
A denúncia de ausência dos municípios da Grande Vitória na fiscalização da qualidade do ar é de Paulo Pedrosa, presidente da Associação dos Amigos da Praia de Camburi (AAPC). Ele afirma que desde a candidatura do prefeito Luciano Rezende, em 2012, a administração municipal vem fugindo do debate. “Em conversa nesta ocasião apresentamos a ele nossas reivindicações na condição de moradores de Vitória. Ele nos devolveu, com uma série de cortes. Dissemos então que a posição dele não atenderia aos anseios da sociedade”, pontuou Pedroso.
Eleito, Luciano Rezende jamais procurou discutir com os que tinham pedido a ele providências contra a Vale e a ArcelorMittal. E nada fez contra a poluição do ar, assinala Paulo Pedrosa.
Uma das hipóteses levantadas pelo dirigente da AAPC é que o município arrecada muito das poluidoras e não quer melindrá-las. “O prefeito, que é médico, precisa desenvolver humanidade e atender aos anseios da população. Ninguém aguenta mais o pó preto. As autoridades do município e do governo do Estado não podem nos deixar assim sofrendo”, apela Pedrosa.
E não é só a administração do prefeito Luciano Rezende (PPS) que faz pouco caso dos danos causados ao meio ambiente e à saúde. O prefeito de Cariacica, Geraldo Luzia, o Juninho (PPS), e de Vila Velha, Rodney Miranda (DEM), também não demonstram preocupação com a poluição da Vale e da ArcelorMittal Cariacica. A empresa tem uma de suas usinas na divisa dos municípios de Cariacica e Vila Velha, e poluiu grande área nas proximidades.
A resposta da comunidade à omissão dos prefeitos não deverá tardar. Os moradores, cansados da inércia do poder público, começaram uma mobilização neste fim de semana. O evento neste domingo (18), às 9 horas, em frente ao Clube dos Oficiais, na Praia de Camburi, é apenas o primeiro de uma série de cobranças que serão feitas tanto aos prefeitos de toda a região da Grande Vitória como ao governador Paulo Hartung (PMDB).
O presidente da AAPC lembra os teores de enxofre de Vitória são superiores em quatro vezes aos da cidade de São Paulo. O poluente, em contato com a água, se transforma em ácido sulfúrico, nas chamadas chuvas ácidas. Chuvas ácidas já foram registradas no entorno das poluidoras no Planalto de Carapina. A ArcelorMittal é grande emissora do gás, também lançado pela Vale.
Já a Vale lidera a emissão de poluentes na forma de partículas, entre estas as PM2.5. Esses poluentes invadem o sistema respiratório de forma ainda mais agressiva que as PM10.
A poluição do ar na Grande Vitória começou na década de 60, com a instalação das usinas de pelotização da Vale. A situação veio se agravando desde esta época com a instalação da ArecelorMittal, há duas décadas.
O último golpe foi dado no segundo governo Paulo Hartung (o terceiro começou este mês) com a autorização para instalação da 8ª de pelotização, em área que jamais poderia ter recebido sequer uma das usinas, em razão dos ventos que atingem Vitória.
Sem manifestação – Na atual administração da prefeitura de Vitória foi instituído um passo inicial para entrevistas: perguntas por escrito. Até o fechamento da edição perguntas sobre o tema feitas ao secretario municipal do Meio Ambiente, Cleber Guerra, segundo a exigência da assessoria da prefeitura, não foram respondidas.