Segundo livro da prometida trilogia de Fabrício Fernandez, lançado agora pela Editora Pedregulho, de Vitória, Música no corpo de fuga faz uma viagem introspectiva pelos labirintos do ser humano, representado metaforicamente por túneis de metrô de Brasília, seguido de uma trilha sonora tão marcante que transforma o livro numa obra musical.
O primeiro livro da trilogia, Nome Nenhum, teve uma tiragem bastante reduzida, poucos tiveram acesso. Isso me deixou muito curioso com alguns detalhes em Música no corpo de fuga, principalmente com uma personagem L.A.
Brasília se transforma no cenário ideal para essa história, tão atropelada pela urbe, quanto pelas descobertas de uma transformação psicológica, que se reflete no físico e se identifica num novo ser mais completo, vagando entre o concreto da cidade e o abstrato das recordações, na velocidade de um trem de metrô.
A personagem Juli, alter ego de Fabrício, é a diversidade sexual manifesta, reproduzindo medos, anseios e expectativas. Extremamente humana, ela/ele se banha nas águas geladas das praias de Vitória, enfrenta as incursões em uma nova metrópole, ao mesmo tempo se descobre no reflexo de cada uma das outras personagem. São corpos únicos, individuais que se misturam em identidades diversas, buscando um ponto comum, único.
Precisamos de mais livros assim! De mais arte assim! De mais manifestações autênticas, de um desabafo que ejacula o sonho e grita para a realidade: – Sou Juli, sim! Sou Lucas, sou Denis, sou um andarilho em busca de prazer, no gozo anônimo das ruas. Sou Fabrício entre Brasília e Vitória.
Fabrício é militante das artes, um Genet Capixaba, que pinta as unhas de preto, que não teme ser suas personagens, sentir o que elas sentem, viver suas contradições e descobertas. Morador do Centro de Vitória, é notívago e silencioso, caminha solene com seus saltos altos, entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa, seus olhos são lentes, sua mente pensa cinematograficamente.
Frente ao “ES Cineclube da Diversidade”, reproduz no mesmo instante que produz. Retratando seu tempo. Homem, mulher, gay, surreal ou super real. Como suas personagens ele também se diverte “em cenas aprazivelmente angustiantes”.
É fácil conseguir um exemplar de
Música no corpo de fuga. Basta acessar a
página da Editora Pedregulho. Em seguida, faça também os downloads das músicas sugeridas. Depois é só pegar um fone de ouvido e se sentar em um bom sofá. Relaxe e entre de cabeça na aventura dessa viagem sem precedentes pelos túneis da diversidade, no corpo sutil em fuga na música. O que me lembra Renato Russo – A música Urbana!
Luiz Felipe Rocha da Palma (Phil Palma) é publicitário. Nas “horas vagas” (às quartas) comanda o programa “Praia do Phil”, pela Rádio Universitária FM, onde defende os LGBTs e denuncia a homofobia. Fale com o autor: [email protected]