O terceiro ato da atual mobilização dos capixabas contra a poluição do ar na Grande Vitória terá um “varal do pó preto”. Os organizadores pedem aos participantes para levar pano sujo após limpar algum ambiente de sua residência ou comércio, e pregadores. Os panos serão estendidos na orla de Camburi.
O horário do terceiro ato foi mudado para facilitar o acesso de muitos que ainda não puderam participar do protesto. No domingo (1) os manifestantes se reúnem em frente ao Clube dos Oficiais, no final da tarde. Depois, sairão em passeata até a entrada da Vale, que polui o ar da Grande Vitória junto com a ArcelorMittal (Tubarão e Cariacica).
O quarto e último ato da atual série de manifestações será realizado no domingo (8). Os organizadores informaram que o último ato acontece às 9 horas, no mesmo local dos outros protestos.
Estão convidados “todos aqueles que estão preocupados com a qualidade do ar e de vida do povo capixaba. Queremos as águas e as areias das nossas praias limpas. Queremos respirar um ar puro, livre da poluição! Queremos nossas casas livres do pó preto! Não somos nós que temos que pagar essa conta”, diz manifesto sobre o ato.
A organização da manifestação é da ONG Juntos SOS ES Ambiental. Saiba mais na página oficial do evento no facebook.
No protesto contra o pó preto os manifestantes denunciam o governador Paulo Hartung (PMDB) como responsável pelo aumento do poluentes lançados no ar da Grande Vitória. Isto porque, quando governou o Estado entre 2003 e 2010, autorizou a construção da 8ª usina da Vale, no Planalto de Carapina, além do aumento da produção das usinas I a VII da empresa.
Também foi repudiada a omissão dos prefeitos dos municípios da Grande Vitória em relação ao pó preto. Vitória, administrada pelo prefeito Luciano Rezende (PPS), é o município que mais sofre com pó. Recebe 80% dos poluentes particulados das empresas. Apesar da situação, Luciano finge que não há poluição, nem emprega os poderes que tem e cumpre sua responsabilidade na questão ambiental para proteger os pulmões dos moradores da Capital.
A poluição do ar na Grande Vitória prejudica a saúde de mais da metade da população da Grande Vitória, cerca de um milhão de pessoas (a população da região metropolitana da Grande Vitória é de 1.8 milhão de moradores (estimativa IBGE 2014).
Dados de 2001 já atestam a gravidade da situação. Os números jamais foram contestados. As emissões de 28 poluentes provocam vários tipos de câncer, doenças de pele, pulmão e alergias, entre outras. Fazem os moradores perderem saúde e dinheiro, com tratamentos e prejuízos patrimoniais.
Os custos das doenças provocadas pelas poluidoras são enormes. Cada morador da Grande Vitória gastava em 2001, em média, cerca de R$ 100 por ano para tratar as doenças causadas pela poluição do ar. A Vale e a ArcelorMittal causavam neste período doenças que exigiam o gasto anual pela população de R$ 133 a R$ 160 milhões. vai
A primeira usina da Vale em Tubarão foi inaugurada em 1969. Hoje, a empresa tem oito usinas de pelotização na região. As sete primeiras com capacidade total de produção de 25 milhões de toneladas de pelotas/ano. A oitava produzindo 7 milhões de pelotas por ano.
Com a otimização da produção das usinas de I a VI e a 8ª usina serão 39 milhões de toneladas de pelotas de ferro por ano em Tubarão, o que equivale à sua nona usina. O projeto inicial da empresa para a região era de 12 usinas de pelotização, a maioria coligadas com empresas de outros países.
A Grande Vitória é bombardeada ainda pelos poluentes das usinas siderúrgicas da ArcelorMittal. O início de operação foi em novembro de 1983, como Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST). A ArcelorMittal Tubarão produz por ano de 7,5 milhões de toneladas de aço em placas e bobinas a quente.
A usina da ArcelorMittal Cariacica produz aços laminados, perfis leves e médios para construção mecânica, torres de transmissão de energia e telecomunicações. A capacidade de produção atual é de 1 milhão de toneladas, das quais 600 mil toneladas de aço bruto e de 400 mil toneladas de produtos laminados por ano. A produção aumentará em 200 mil toneladas anuais.