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Queda de homicídios não se reflete nos segmentos mais jovens da população capixaba

Apesar de considerar positivos os índices que mostram que os homicídios estão em queda no Estado, o governo estadual não considera que as mortes violentas de adolescentes e jovens continuam em plena ascensão, confirmando que a falta de políticas públicas para esta parcela da população é desastrosa. O Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) divulgado, nessa quarta-feira (29), é uma amostra da vulnerabilidade de adolescentes no Estado. 
 
Além do IHA, outros indicadores também comprovam que os adolescentes e jovens são as principais vítimas de homicídios no Estado. De acordo com o Índice, o Estado é o quarto do País dentre aqueles com maior IHA, que é de 7,15. Isso quer dizer que a cada mil adolescentes que completam 12 anos, mais de sete não completarão 19 anos. 
 
Nos municípios a situação é ainda pior, principalmente considerando o fato que o Estado atravessa uma fase de redução de mortes violentas no geral. A Serra, município que reduziu a taxa de homicídios de 89,5 e 2012 para 72,4 em 2014, registrou IHA de 9,95 em 2012, ano usado de base para o estudo. 
 
Além disso, diferentemente da taxa de homicídios (que vem reduzindo), o IHA aumenta a cada ano de estudo. Nos anos de 2008, 2009 2010 a Serra ostentou o mais alto IHA do Estado, sendo que em 2008 o índice ficou em 8,8, em 2009 em 9 e em 2010 em 8,9. 
 
Em Cariacica o cenário é mais crítico. O município atingiu o IHA de 10,4 em 2012, o maior do Estado. No entanto, em 2010 o IHA do município foi de 7,1, colocando-o na segunda posição no Estado; em 2009 foi de 6,8; e em 2008, 7,5. Em 2012 o município registrou taxa de 72,6 mortes por grupo de 100 mil habitantes e em 2014 esta taxa caiu para 57 mortes por 100 mil. 
 
Outros estudos também comprovam a tragédia que são as mortes violentas de adolescentes e jovens. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em 2014, as mortes por agressão se concentram na faixa etária que vai dos 15 aos 29 anos, correspondente à juventude. 
 
Segundo o Anuário, em 2013 a taxa de mortes por agressão de adolescentes menores de 15 anos foi de 6,3 mortes por 100 mil habitantes. No entanto, entre jovens com idades entre 15 e 24 anos, a taxa salta para 115,1 por 100 mil habitantes, o que representa um índice de guerra civil.
 
Políticas públicas
 
Esse extermínio da juventude – principalmente da juventude negra – persiste no Estado mesmo com a queda de homicídios dentre todos os grupos etários por conta da falta de políticas públicas voltadas exclusivamente para esta parcela da população, que é a mais vulnerável. 
 
O grupo que mais morre no Estado é justamente aquele que está em idade produtiva, mas, se depender do governo estadual, esta realidade não deve mudar. As iniciativas implementadas para construir essas políticas não encontram continuidade e não apresentam resultado. 
 
Em entrevista a Século Diário, publicada em 17 de janeiro, o coordenador do Fórum Estadual da Juventude Negra (Fejunes), Luiz Inácio Silva da Rocha, o Lula, ressaltou o governo anterior afirmava que o número de homicídios diminuiu, mas, quando se compara, verifica-se que os jovens negros continuam morrendo muito mais do que os jovens brancos. “Paralelo a isso, você não tem espaço para fazer essa discussão no campo da segurança pública. Seja o Estado Presente ou a Ocupação Social [projeto do atual governo de Paulo Hartung], eles não incorporaram a dimensão racial na sua importância”, disse ele.
 
Ele também salientou que o programa Juventude Viva, do governo federal, é uma esperança no sentido de desenvolver políticas públicas para jovens, mas ele precisa ter adesão dos municípios e do governo. Em âmbito local, no entanto, na área de segurança pública, não há qualquer projeto. 

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