O Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH) divulgou nota pública nesta segunda-feira (2) repudiando os atos de violência desproporcional praticados por seguranças de um supermercado de Cariacica contra Claudionor Barbosa de Souza, que teria tentado furtar peças de carne do estabelecimento. A sessão de tortura foi capturada em vídeo pelos seguranças.
Nas imagens é possível ver Claudionor algemado e deitado enquanto os seguranças desferem chutes na cabeça dele e batem no homem com uma corrente. Um dos seguranças diz para Claudionor não olhar para os agressores.
Um dos seguranças chega a subir nas costas de Claudionor enquanto ele está aparentemente desacordado e outro arremessa contra ele um dos pedaços de carne.
Somente depois da sessão de tortura Claudionor foi encaminhado para a Delegacia Regional de Cariacica, onde foi autuado por furto. As agressões também foram relatadas na delegacia, e também foi instaurado inquérito para apurar a tortura cometida contra o acusado no supermercado.
O CEDH ressalta que as reportagens veiculadas na imprensa revelam a brutalidade e a covardia cometida por seguranças contra o homem. “A ação truculenta, os excessos, a violência e as ilegalidades praticadas por seguranças particulares de estabelecimentos comerciais têm sido recorrentes no Estado, e exigem um posicionamento firme e de repúdio por parte das autoridades para prevenir e coibir a repetição dessas práticas”, diz a nota.
A entidade salienta que as empresas de segurança devem adotar medidas para orientar seus funcionários a respeitar a legislação brasileira, tratados internacionais e os direitos humanos.
Em menos de uma semana este foi o segundo caso que tem seguranças privados envolvidos em episódios de violência. No dia 23 de janeiro o jovem Diego Biasutti foi morto por um segurança da Prefeitura de Vila Velha com um tiro na cabeça depois de entrar em luta corporal com o profissional.
Diego entrou no prédio por volta das 7h30, chutou a roleta e subiu até o andar em que fica o gabinete do prefeito Rodney Miranda (DEM), que não se encontrava na prefeitura no momento.
No terceiro andar do prédio, Biasutti entrou em luta corporal com o vigilante e foi baleado na cabeça, morrendo no local. Antes de matar o jovem, o segurança ainda chegou a disparar um tiro de advertância para o alto.
Diego estava desarmado, descalço e carregando apenas uma Bíblia subiu os três andares da prefeitura sem ser impedido. A ação poderia ter tido outro desfecho. Se Diego Biasutti tivesse sido contido no momento em que entrou na prefeitura, chutou a catraca discutiu com o vigilante, como mostram as imagens do circuito de videomonitoramento da prefeitura, a morte poderia ter sido evitada.