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Crise na Petrobras ameaça manutenção de projetos do Estaleiro Jurong em Aracruz

A crise na Petrobras pode atingir em cheio os planos do Estaleiro Jurong, instalado em Aracruz, município do litoral norte capixaba. Apesar dos problemas relacionados aos impactos ambientais da obra em Barra de Riacho terem sido parcialmente superados, outro problema se torna iminente: a paralisação das atividades e, consequentemente, a demissão de trabalhadores em função da dificuldade financeira da estatal. Essa possibilidade foi levantada pelo presidente do EJA e da multinacional singapurense para América do Sul, Martin Cheah, em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Para o executivo, a queda no preço do petróleo e as denúncias de corrupção contra ex-dirigentes da estatal ameaçam a confiança do mercado no cumprimento dos contratos da Jurong com a Petrobras – e da Sete Brasil, empresa criada para o fornecimento de sete navios-sondas para a exploração do pré-sal. Cheah relatou que o estaleiro não recebe pagamento há mais de 60 dias da Sete Brasil, que hoje encontra dificuldade para obter empréstimos para alavancar o investimento. Segundo o presidente do EJA, a dívida já estaria em torno de R$ 200 milhões.

Com todos os contratos vinculados às atividades da estatal, o Estaleiro Jurong cogita até paralisar as suas atividades em Aracruz e recorrer à Justiça para receber os valores. “Podemos parar um pouco. Suspender a obra. Vamos tomar o pior cenário: a Sete não respeita o contrato. Temos de fazer uma paralisação em obras não essenciais. Eu não tenho esse quadro ainda, mais alguma coisa vamos ter que parar”, afirmou Cheah, que confirmou a possibilidade de demissões em breve.

Desde o final do ano passado, o casco do navio Arpoador – o primeiro das 29 embarcações previstas nos contratos – está aguardando a liberação da Marinha para ser finalizado no estaleiro. O casco foi montado em Singapura com partes produzidas no país e deverá ser apenas concluído no Estado. Cheah não escondeu a preocupação da direção da multinacional – de capital aberto – e dos investidores com a situação da empresa no País.

“Essa é uma questão criminal [se referindo às descobertas na Operação Lava Jato]. Se tem uma pessoa que deu dinheiro para alguém, ela deve ser presa. Mas a questão é a sobrevivência da empresa [Petrobras]. Isso é que é mais sério. E como a questão está afetando nosso investimento aqui, que é de US$ 1 bilhão? Como vamos devolver dinheiro aos [nossos] acionistas? São questões muito mais sérias”, declarou o executivo à reportagem do Valor.

O Estaleiro Jurong Aracruz (EJA) faz parte da Sembcorp Marine, que é um grupo líder mundial de engenharia marinha e oceânica. O projeto de instalação do estaleiro inclui um dique seco de 520m x 90m x 9m, um cais de atracagem com um quilometro de extensão, além de oficinas de acessórios de tubulação e a fabricação de aço.

O EJA terá capacidade para assumir a construção de plataformas, semissubmergíveis e jack-ups de perfuração, plataformas e embarcações de suprimentos como também de integração de FPSO (flutuantes de produção, armazenamento e descarga) e da fabricação de módulos de integração, além dos tradicionais serviços de reparos de sondas de perfuração, reparos, modificação e melhoramentos em embarcações.

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