Manifestantes vão pressionar os deputados estaduais indecisos a assinar o requerimento que cria a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pó Preto. Estarão na Assembleia Legislativa, nesta segunda-feira (9), mobilizados pela ONG Juntos SOS ES Ambiental.
A ONG apela à participação da comunidade. Chama o cidadão morador da Grande Vitória, “que não tolera mais o convívio com o pó preto e que não aceita mais a omissão e submissão dos governantes e gestores da coisa pública em todos os níveis” a participar do movimento.
Os ambientalistas rejeitam ser tratados “com deboche pelas poluidoras”. Anunciam que vão entregar aos deputados na Assembleia Legislativa o pó preto que a Vale se negou a receber.
Segundo a agenda divulgada a diretoria da Juntos SOS ES Ambiental, representantes da ONG irão enegrar ao presidente da Assembleia, Theodorico Ferraço (DEM), o documento do movimento contra o pó preto. Falarão com ele sobre a CPI que exigem ser criada na Casa.
Os manifestantes vão para a galeria do plenário às 14h30. Os militantes são convocados pela ONG: “Todos na galeria do plenário da ALES para pedir ao deputados que assinem o requerimento da CPI. Vamos passar o pó preto a limpo”.
A seguir, a diretoria da ONG entrega para os deputados o pó preto que a Vale se recusou a receber. Entregam também uma lista de assinaturas pedindo que os deputados assinem o requerimento pela CPI do pó preto, fundamentados nas garantias constitucionais e no direito do cidadão à saúde e qualidade de vida.
Dos 16 parlamentares que vivem e foram eleitos graças aos votos da região metropolitana, a mais afetada pela poluição, apenas cinco assinaram o documento. Desconsideram para sua postura que a região é mais afetada pela poluição do pó preto, provocada ArcelorMittal e Vale, na Ponta de Tubarão.
Entre os deputados da Grande Vitória que assinaram o pedido para a reabertura da Comissão, além do proponente Gilsinho Lopes (PR), estão Hércules Silveira (PMDB), Sandro Locutor (PPS), Amaro Neto (PPS) e Sérgio Majeski (PSDB) . Fora da região metropolitana, assinaram o documento Guerino Zanon (PMDB), de Linhares; Freitas (PSB), de São Mateus, e Enivaldo dos Anjos (PSD), de Barra de São Francisco.
Os dois deputados que retiraram as assinaturas também são da Grande Vitória. Marcos Bruno (PRTB), de Cariacica, e Euclério Sampaio (PDT), de Vila Velha. Chama a atenção o fato de Euclério, em 2013 e 2014, ter ajudado Gilsinho Lopes a colher assinaturas para criação da mesma CPI.
Também chama a atenção o fato de nenhum dos membros da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia ter assinado o documento. Aliás, Euclério Sampaio (PDT), que é suplente da Comissão, chegou a assinar, mas logo em seguida voltou atrás.
A comissão de Meio Ambiente, eleita nessa quarta-feira (4), é formada por Rafael Favato (PEN), que é presidente do colegiado; Erick Musso (PP), vice-presidente, além dos membros efetivos Bruno Lamas (PSB), Dary Pagung (PRP) e Gildevan Fernandes (PV); e os suplentes Raquel Lessa (SD), Almir Vieira (PRP), Euclerio Sampaio (PDT), Edson Magalhães (DEM) e Marcelo Santos (PMDB).
Um mês de protestos
Nos últimos quatro domingos, os moradores da Grande Vitória fizeram protestos contra a poluição em Camburi. O 4° ato foi ontem (8).
A Vale e ArcelorMittal lançam diariamente toneladas de agentes poluentes sobre a Grande Vitória. Simbolicamente, os moradores recolheram o pó em suas casas e levaram em passeata até o portão da Vale. A empresa os ignorou.
Pouca diferença fez. Os manifestantes já tinham dado seu recado. “Pó preto, minério e carvão: chega de poluição”, bradavam cerca de 100 manifestantes na passeata.
Cartazes e faixas mostravam por que Vitória é a capital mais poluída do Brasil. Vitória tem quatro vezes mais enxofre que o município de São Paulo. “Vitória da asma e da bronquite”; “Poluição do ar mata”; “Poluição do ar – políticos coniventes”; “Poluição do ar – governantes omissos”; “Vitoria da rinite e sinusite”.