O Conselho Regional de Psicologia (CRP-16) realiza nesse sábado (7), o “Encontro de Debates para o Dia Internacional da Mulher – 8 de Março”. O objetivo é oferecer um espaço de discussão sobre o feminicídio e os direitos sexuais e reprodutivos da mulher. Em uma das mesas do evento será debatida a violência obstétrica realizada por profissionais de saúde.
Pesquisa da Fundação Perseu Abramo aponta que 25% das mulheres sofrem alguma violência no momento do parto. De acordo com uma das participantes da mesa, a psicóloga Carolina Leão Borges Ramos, que é especialista em Psicologia da Maternidade, e idealizadora do projeto “Mães do Parto”, essas situações são rotineiras e vão desde intimidações para que as mulheres fiquem em silêncio durante um parto normal, até a realização de cortes de maneira indiscriminada e desnecessária entre a vagina e o ânus da paciente com a justificativa de facilitar a saída do bebê, a chamada episiotomia.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa técnica é necessária em 5 a 10% dos partos, enquanto no Brasil é realizada em mais da metade dos partos, em especial no primeiro parto da mulher.
Carolina Leão Borges Ramos acrescenta que o festival de cesárias desnecessárias continua nas maternidades brasileiras e as mulheres se submetem diante da pressão e intimidação dos obstetras. “A primeira violência que a mulher sofre é a falta de informação durante a gestação, que a impede de decidir pelo parto normal. As violências estão tão institucionalizadas que muitas mulheres não percebem que estão tendo seus direitos violados e sofrendo a violência”, alerta a psicóloga.
Especialistas
O encontro vai contar ainda com a presença da professora da Ufes Maria Amélia Lobato Portugal, psicóloga e doutora em Saúde Pública. Ela vai falar sobre prevenção da Aids e outras DSTs, além de direitos humanos e do sofrimento da mulher frente à padronização imposta pela modernidade.
A presidenta do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Espírito Santo (Cedimes), Edna Calabrez Martins, que é militante feminista na Coordenação Nacional da Articulação de Mulheres Brasileiras, também participará do evento, assim como a ex-senadora Ana Rita Esgário (PT), que é assistente social e relatou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou a violência contra a mulher no Brasil.
Também estará no encontro Catarina Cecin Gazele, procuradora-geral de Justiça do Espírito Santo, e coordenadora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra as Mulheres (Nevid) do Ministério Público Estadual (MP/ES). A mediação das mesas será realizada pela conselheira do CRP-16 Rebeca Valadão Bussinger.
Serviço
O evento, marcando o Dia Internacional da Mulher, que é comemorado no dia 8 de março, será realizado no sábado (7), das 8 às 12h30, no auditório da Casa dos Direitos, na Avenida Paulino Müller, 200, Ilha de Santa Maria, Vitória. Os interessados devem se inscrever pelo endereço www.crp16es.wordpress.com.
O evento é gratuito e as vagas limitadas.
