Quem vê o governador Paulo Hartung (PMDB) sorridente entre as mulheres (foto acima) — na ocasião do lançamento das ações de enfrentamento à violência contra a mulher, na última quinta-feira (5), no Palácio Anchieta — tem a impressão de que ele sempre foi um gestor comprometido com as políticas públicas voltadas para o segmento.
Porém, o Hartung que pegou carona do Dia Internacional da Mulher para tentar dar uma lustrada na sua imagem social, é o mesmo que assistiu impassível a morte de 1.375 mulheres vítimas de homicídio, durante os seus dois governos (2003 a 2010).
Os elevados índices de assassinato de mulheres mantiveram o Espírito Santo, durante o governo Hartung, no topo do ranking nacional, tanto no de homicídios femininos como no de feminicídios.
De acordo com os dados no Mapa da Violência 2012 – Homicídios de Mulheres, o governo Hartung fechou o seu segundo mandato, em 2010, com uma taxa de 9,8 homicídios para cada grupo de 100 mil mulheres, o que conferiu ao Estado a liderança absoluta do ranking nacional.
Para se ter uma ideia da proporção do índice capixaba, a média nacional de homicídios femininos, no mesmo período, foi de 4,6/100 mil, ou seja, metade da taxa do Espírito Santo.
Mais jovens
Quando os estudos recortam os índices de assassinatos de mulheres por faixa etária, os dados são ainda mais alarmantes.
O governador que agora defende a “Escola Viva” e o programa de “Ocupação Social” como políticas públicas vigorosas para enfrentar a violência nos segmentos mais jovens da população, é o mesmo que manteve o Espírito Santo no topo da lista de homicídios juvenis, tanto masculino quanto feminino.
Hartung fechou seu governo com o Estado no topo da lista do Mapa da Violência, com 21,4 homicídios para cada grupo de 100 mil mulheres jovens (15 a 24 anos). O segundo do ranking, Alagoas, aparece com índice de 13,3, quase a metade da taxa capixaba.
O governo Hartung também é líder em feminicídio — termo que se atribui às mortes de mulheres decorrentes de conflitos de gênero. Em outras palavras, é a mulher que é morta simplesmente pelo fato de ser do sexo feminino.
Estes crimes são geralmente praticados por homens que mantêm ou mantinham relação estreita com a vítima. Esses parceiros ou ex-parceiros, na maioria dos casos, praticam esses crimes em casa.
As vítimas são ameaçadas ou intimidadas e, muitas vezes, não denunciam o agressor porque o poder público não oferece suporte psicológico e material para a mulher que sofre violência. Quando essas agressões atingem seu ápice resultam em feminícidios.
O Espírito Santo, segundo levantamento que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fez entre 2009 e 2011, ocupa a liderança no ranking de feminicídios ou femicídios.
A taxa de femicídio do Estado capixaba é de 11,24 para cada grupo de 100 mil mulheres. Bahia vem em segundo, com 9,08 e Alagoas em terceiro, com 8,51. Piauí, Santa Catarina e São Paulo, que estão na ponta oposta do tabela, possuem taxa média de 3 femicídios por 100 mil.