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Nota zero para a Escola Viva

Depois de 75 dias de governo, Paulo Hartung esperava, com o “referendo” da Assembleia Legislativa, expor na vitrine política o seu principal produto prometido durante a campanha eleitoral do ano passado: a Escola Viva. O plano, porém, foi frustrado pela reação de professores e alunos durante a audiência pública nesta terça-feira (17), que antecedeu a sessão do legislativo que votaria o projeto do Executivo em regime de urgência. 
 
A audiência, conquistada na última hora, e na raça, era a chance derradeira que os professores tinham para evitar que a matéria fosse aprovada sem ser discutida com a sociedade civil. 
 
Do lado do governo, a audiência pública tinha caráter protocolar. Diante da pressão popular, os deputados governistas apostavam que, promovendo a audiência, amenizariam a insatisfação do magistério. Logo em seguida, eles aprovariam a proposta da Escola Viva com o selo de “projeto democrático”. Poderiam dizer que o projeto foi amplamente debatido com a sociedade civil antes de ser votado e aprovado pelo legislativo. 
 
Os governistas, no entanto, não previam que a audiência pública se transformaria num grande protesto in door. Apoiados por alunos e parte dos deputados (a minoria), os professores fizeram um desabafo ante a tentativa de manobra governista para impor a Escola Viva “goela abaixo”, como disse um dos professores. O discurso do secretário de Educação, Haroldo Rocha, que tinha o objetivo de “lubrificar” o projeto para ele ser engolido mais suavemente pelos professores, não funcionou. Pior. O efeito foi reverso. A retórica rasa de Haroldo irritou ainda mais os professores, que se disseram excluídos da discussão que promete mudar os “rumos da educação pública capiaxaba”.
 
Em meio a discursos inflamados, que combinavam indignação e críticas pedagógicas ao projeto, os professores deixaram claro que, mais que o teor da proposta em si, se sentiram desrespeitados com a tentativa de manobra “golpista” do governo, que tentou transformar a audiência pública num grande teatro. 
 
Depois de duas horas e quarenta minutos de uma audiência, formatada premeditadamente para cercear a participação dos professores, que, aliás, não se intimidaram, restou aos deputados – comandados pelo líder do governo, Gildevam Fernandes (PV), e a presidente da Comissão de Educação, Luzia Toledo (PMDB) – o recuo. 
 
Aturdidos com a pressão de alunos e professores, que bradavam pela retirada do projeto da pauta de votação, a saída dos governistas foi botar a viola no saco e bater em retirada antes que o caldo entornasse de vez.
 
A audiência pública desta terça-feira marcou a primeira derrota do governador Paulo Hartung ante os movimentos populares. Serviu também para confirmar que o Paulo que abraçava o povo durante a campanha eleitoral, não passava de um produto de marketing com prazo de validade, assim como o projeto Escola Viva, que Hartung pretende (ou pretendia) usar para enfeitar sua vitrine, até agora, vazia. 

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