Na manhã de hoje (18), o Cinemark do Shopping Vitória recebeu uma sessão de cabine única, só para convidados e imprensa, do documentário que tem chamado atenção de muitos festivais mundiais de cinema, O Sal da Terra. A obra foi lançada previamente em 10 cidades, incluindo Vitória. Foram elas: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e Recife.
Em uma hora e cinquenta minutos de duração, a peça apresenta a vida de um dos fotógrafos contemporâneos mais consolidados mundialmente, Sebastião Salgado, o mineiro que nasceu em Aimorés e foi morar em Vitória aos 15 anos, para estudar economia na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em 1959. No documentário, a sensibilidade nasce a partir dos olhos do próprio filho de Sebastião, Juliano Ribeiro Salgado, que dirige a obra juntamente com Wim Wenders.
Em uma mistura de fotografias de Sebastião Salgado com gravações dele em campo de atuação e depoimentos da família, o documentário narra de forma extremamente detalhista todo o trabalho fotográfico e os projetos com que se envolveu ao longo da vida. Projetos estes que o caracterizaram por ser um fotógrafo social, com sensibilidade para com o ser humano e suas condições de vida. Para ele, as pessoas são o sal da terra, por isso o nome do documentário.
Em quase uma vida inteira dedicada à fotografia, o filme apresenta desde o primeiro projeto do fotógrafo até sua vida atual. Desta forma, o público conhecerá não só todos os trabalhos de Sebastião e locais por onde passou fotografando, como também as percepções dele, sempre muito emocionado, sobre as fotografias mais marcantes de sua vida; as pessoas que conheceu; os povos distantes com quem teve contato; e as situações mais tristes e mais felizes com que se deparou.
Sebastião é casado com Lélia Wanick, a pessoa que mais o incentivou a viver só de fotografia, sempre foi sua editora, parceira de seus projetos e a mulher que abriu mão de viver ao lado do marido para o deixar seguir por longas expedições fotográficas. Entre os projetos mais longos de Sebastião está Outras Américas (1977-1984), em que ele viajou pela América do Sul durante sete anos retratando povos típicos e culturas distintas. Outro projeto longo foi o último realizado por ele até então, Gênesis (2001-2013), que veio para devolver o prazer da fotografia novamente a ele que, diante do que viveu como fotógrafo ao imergir em povos extramente pobres e em condições de vida miseráveis, como em Ruanda (África), se viu sem condições psicológicas de seguir. Sem fé na humanidade, como ele mesmo frisa no filme.
Sebastião Salgado tem histórias demais, e muito ricas, para contar. Por isso mesmo, o documentário de quase duas horas não chega a ser cansativo, pois ao passar por cada projeto do fotógrafo, novas histórias cada vez mais chocantes e sensíveis são apresentadas ao público. O sucesso foi tamanho que O Sal da Terra foi escolhido como melhor documentário no César 2015, o Oscar francês, e levou o prêmio especial do júri da seção Un Certain Regard no Festival de Cannes em 2014. O filme também concorreu ao Oscar 2015 de Melhor Documentário.
Entre imagens em preto e branco, coloridas, desbotadas e novas, o filme se constrói e cria toda uma trama para cada uma das expedições fotográficas de Sebastião. Definitivamente, é um obra que apresenta os bastidores mais íntimos de um grande fotógrafo, apresentando desde as complicações que ele enfrentou em suas viagens, até sua vida pessoal, os problemas na família e as frustrações como ser humano.
Serviço
A estreia oficial do documentário sobre a vida do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, O Sal da Terra, terá estreia nacional no próximo dia 26, nos principais cinemas do Brasil.