O Triangulo Rosa foi um dos maiores símbolos de sofrimento e tortura já acontecidos na humanidade. Trazia em seu significado o preconceito e a intolerância, a opressão e o estigma. Em pleno holocausto nazista, apontava homens que haviam sido acusados de praticas homossexuais. Hoje é referência de homofobia apresentada como o mais antigo sinal da repressão à comunidade homossexual.
Aqui em Vitória, o triangulo Rosa se tornou o emblema da resistência e da luta contra hostilidade frente à diversidade sexual. Um alerta ao ódio que vem embutido no fanatismo religioso e conservador, e que promove a violência física e moral contra os LGBTs (Lésbicas, gays, bissexuais travestis e transexuais e toda a manifestação de orientação sexual que diverge da simples dualidade masculina e feminina).
Para nós, dia 12 de Março é o dia representativo dessa resistência, justamente por que foi nesse dia na década de 80 que aconteceu a fundação da ONG “Triangulo Rosa” sob a liderança do intelectual Amylton de Almeida e do poeta Waldo Motta.
Foram tempos de muito conflito e oposição social, um momento em que a epidemia HIV se alastrava e era chama de “Câncer Gay”, quando a desinformação era aliada do conservadorismo, e a ditadura militar ainda exercia sua influencia, causando grande impacto a jovem redemocracia brasileira, incapaz de reagir em defesa das minorias oprimidas pelo estigma.
Amylton e Waldo buscavam no Triangulo Rosa o respaldo para se fortalecerem na militância, para desbravar os novos rumos que a sociedade capixaba precisava seguir para se reformular na construção de um novo tempo, regido agora pelos direitos humanos. Mas como falei nada era fácil, como ainda hoje não é. É preciso muita determinação, coragem e equilíbrio, isso frente ao desrespeito e violência de quem, sem argumentos, sem argumentos, usa conceitos fundamentalistas para tentar sufocar a militância LGBT.
Dia 12 passado, para comemorar a data, Waldo Mota, depois de 12 anos de silêncio, lançou seu novo trabalho de poesias, o livro “Terra sem Mal”, uma eloquente viagem ao universo indígena, um mergulho na profundidade do ser humano e na sensibilidade de um poeta impar.
Waldo transborda seu talento. Na sua interpretação os poemas ganham outra dimensão, se materializam numa manifestação quase mediúnica, Waldo traduz a si próprio um ser de luz.
Amyltom, já no andar de cima, parece estar presente a todo o momento, mais um elemento na comemoração do dia 12 de março. Sempre alerta para a necessária união, de onde provem a força, para reforço das conquistas, a atenção ao perigo de retrocesso e o trabalho para atingir novos objetivos.
O dia 12 de março é uma conquista, uma trincheira para que o triangulo rosa continue hoje sendo um símbolo de luta na conquista de uma terra sem mal.
Luiz Felipe Rocha da Palma (Phil Palma) é publicitário. Nas “horas vagas” (às quartas) comanda o programa “Praia do Phil”, pela Rádio Universitária FM, onde defende os LGBTs e denuncia a homofobia. Fale com o autor: [email protected]