Diante da tomada de Vitória pelos parquímetros, sobretudo na Praia do Canto e Santa Lúcia, o fotógrafo e cicloativista Edson Chagas fez uma proposta interessante à Prefeitura de Vitória, na reunião dessa segunda-feira (23) com moradores da Regional 5 para discutir a revisão do Plano Diretor de Vitória (PDU): se está se delimitando espaços para os carros, que se faça também para as bicicletas.
De outra forma, se as zonas de estacionamento rotativo são uma medida de restrição ao carro, que então seja acompanhada de um estímulo para uso de outro modal como a bicicleta, via instalação de paraciclos. A sugestão foi endossada pelo estudante de medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e também cicloativista Leonardo Chamovitz. Ele pediu que os paraciclos sejam incluídos na lista de mobiliário urbano da prefeitura, especialmente nas áreas comerciais.
A Regional 5 engloba os bairros Barro Vermelho, Enseada do Suá, Ilha do Boi, Ilha do Frade, Praia do Canto, Praia do Suá, Santa Helena, Santa Lúcia e Santa Luíza. Cerca de 100 pessoas compareceram ao encontro na Escola Estadual Fernando Duarte Rabelo, em Praia de Santa Helena.
O estudante também pediu a readequação da tinta para pintura de ciclovias recomendada pelo PDU vigente, aprovado em 2006, que, em dias de chuva, facilita a derrapagem das bicicletas. E cobrou ainda a ciclovia da Avenida Rio Branco, prevista no mesmo PDU.
A cicloativista Detinha Son defendeu a preservação da Praça do Cauê, em Praia de Santa Helena, ameaçada de corte para receber as obras do Sistema BRT (vias exclusivas para ônibus). “O BRT não vai pertencer a Vitória, vai passar por Vitória”, disse. Defendeu também a adoção de medidas restritivas para carros, como, ao contrário do que se costuma propor, a limitação das vagas de garagens nos prédios.
Ela citou também o Mapa das Ciclorrotas da Grande Vitória, que traz itinerários seguros para o deslocamento de ciclistas em uma região com rede cicloviária precária. Sugeriu a implantação de zonas de 30 nos bairros, medida para reduzir a velocidade dos carros a 30 Km/h. “Não é possível que a gente tenha carros passando a 80 Km/h dentro dos bairros e não haja fiscalização”, criticou
O engenheiro Luis Carlos Menezes também foi pelo caminho da humanização da cidade: pediu mais ruas de pedestres, ao estilo da instalada no Triângulo das Bermudas, na Praia do Canto, e ruas de tráfego reduzido. Resumiu sua proposta numa constatação: “O capixaba perdeu o hábito de caminhar”, disse.
A arquiteta Isabella Batalha Muniz Barbosa sugeriu medidas para que reduzir o perfil de cidade de passagem que Vitória vem tomando há anos e que a instalação do BRT apenas agravaria. Por isso, lançou dúvidas sobre a eficácia do projeto. “O BRT talvez funcione por um tempo, mas vai se esgotar. Em Curitiba [capital do Paraná] já se esgotou”, disse.
Eduardo Borges, da Associação de Moradores da Enseada do Suá, apresentou um conjunto de medidas para humanizar o bairro, hoje uma região muito movimentada ao dia mas isolada à noite. A diretriz é o uso misto do espaço. Ele deu dados interessantes. A Enseada do Suá é um bairro de densidade demográfica muito baixa, porém um densidade empresarial alta, há ali uma empresa por habitante, seis vezes maior que a média de Vitória.
Ele cobrou, portanto, medidas para amenizar a sensação dos moradores de que a área é um bairro de passagem, diminuir congestionamentos, atrair opções de lazer, estimular áreas residenciais, proibir a edificação de áreas não-residenciais (à exceção de hotéis e apart-hoteis), reduzir ofertas de estacionamentos, instalar ciclovias e bicicletários.
Armando Fontoura criticou os painéis de papel pregados no recinto pela Prefeitura de Vitória para informar as dinâmicas atuais da cidade em áreas como mobilidade, meio ambiente, etc. Deu uma sugestão mais simples e republicana: que a PMV disponibilize esses dados na página dela na internet, na seção Vitória em Dados.