A Operação Olísipo, deflagrada nessa terça-feira (31) em Itapemirim, no sul do Estado, mexe com o cenário político local e, consequentemente, na sucessão municipal de 2016. A situação do prefeito do município, Luciano Paiva (PSB), afastado do cargo, facilita o retorno da ex-prefeita Norma Ayub (DEM), mulher do presidente da Assembleia, Theodorico Ferraço (DEM), ao comando do município.
O deputado estadual é cotado como favorito na disputa em Cachoeiro de Itapemirim, município vizinho, mas a conquista de Itapemirim é a prioridade do casal. O motivo pode ser expresso em números. A renda per capta de Itapemirim é de R$ 8.340.11 em Cachoeiro, o valor é de R$ 1.554.97. Itapemirim também é o município com a segunda maior receita de royalties do Estado.
Em Cachoeiro, o momento político não é dos mais favoráveis. Por isso, para os meios políticos locais, deixar a confortável posição de presidente da Assembleia Legislativa, onde chegou com a segunda maior votação na eleição do ano passado, para assumir uma prefeitura em dificuldades financeiras pode não ser a melhor opção para Ferraço.
No município, algumas lideranças aventam a possibilidade de Ferraço não disputar a eleição e investir seus esforços, como vem fazendo para eleger a mulher em Itapemirim. Isso porque, nas condições normais seria difícil a disputa entre Luciano e Norma.
Se Ferraço estiver fora da disputa em Cachoeiro, a eleição será morna. Do outro lado, o PT está na prefeitura com Carlos Casteglione, mas tem dificuldade para emplacar seu sucessor, não só pelo desgaste do segundo mandato, mas também pelas incompatibilidades dentro do PT local, com uma disputa entre Professor Léo, segundo suplente de deputado federal, e o deputado estadual Rodrigo Coelho, que devem lutar pela sucessão de Casteglione.
Desde a eleição do ano passado, Ferraço começou a trabalhar uma acomodação para a mulher. Ele não gostou do arranjo feito nas eleições que deixou a demista fora da bancada federal. Para o grupo, é fundamental garantir a eleição de Norma em Itapemirim.
Antes da Operação Olísipo estourar, Ferraço vinha tecendo comentários em tom de metáfora sobre o caso na Assembleia, como se fosse um prenúncio de um grande revelação. Ele vinha trabalhando com o deputado Marcelo Santos (PMDB) que apresentou recentemente uma série de documentos sobre irregularidades no município de Itapemirim, na atual gestão.
A guerra política entre o grupo de Ferraço e Luciano Paiva vem desde a eleição de 2012, quando o socialista venceu a disputa. Em 2013, o grupo do deputado estadual tentou imputar ao prefeito parte da responsabilidade com do movimento que levou à deflagração de outra operação, a Derrama – essa sobre sonegação e fraudes fiscais.