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Quarta usina de pelotização da Samarco aumenta poluição no sul

A saúde da população da região sul capixaba está pagando mais caro pelo funcionamento da quarta usina de pelotização da Samarco, em Ubu, Anchieta. Os moradores padecem com o aumento das doenças respiratórias.  Com a nova unidade, que começou a funcionar no final de 2014, a poluição do ar aumentou em cerca de 50% em relação ao ano passado.
 
As informações são vereador Dilermano Melo de Souza Júnior  (PMN), de Anchieta.  Ele foi ouvido na tarde desta quarta-feira (1) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pó Preto da Assembleia Legislativa.  Em sua apresentação, ele denunciou que o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) faz o controle da poluição do ar através de uma empresa que também presta serviços à mineradora.
 
O vereador afirmou desconhecer o nome da empresa, mas assegurou que, quando o Iema foi cobrado, disse não ter dinheiro para contratar outra empresa para o  serviço. Estima que o aumento do poluição na região foi de aproximadamente 50% em  relação ao período de funcionamento de três usinas da Samarco, em Ubu.
 
Dilermano Melo de Souza Junior também afirmou que a Samarco não conseguiu estabilizar a quarta usina. Esta falta de controle dos equipamentos tem contribuído para que sejam lançados mais poluentes no ar. A poluição prejudica principalmente as pessoas idosas e as crianças, mas afeta a população em geral.
 
Embora não tenha apresentado números, o vereador assegurou que há claro aumento de doenças pulmonares e alérgicas em Anchieta. Para ele, a poluição também aumentou em Guarapari e Piúma. Admitiu como possibilidade de que a poluição do ar causada pela Samarco pode chegar ao extremo sul do Estado, em Presidente Kennedy, embora seja de forma quase imperceptível à população.
 
Um outro ponto criticado pelo vereador de Anchieta foi a forma  de controle adotada pela Samarco. Empresa em partes iguais da Vale e da anglo-australiana BHP Billiton, a Samarco adotou a tecnologia do  winde fense,  que a  Vale emprega no Planalto de Carapina, na Grande Vitória, para controle da poluição. A tecnologia não impede o arrasto dos poluentes nas pilhas de minério. “A eficácia é zero”, denunciou Dilermano Souza.
 
Quarta usina 
 
Com sua quarta usina de pelotização, inaugurado no final do ano passado,  a capacidade de produção da Samarco saltou de 22,5 milhões de toneladas por ano para 30,5 milhões, um aumento de 37%. Já estava previsto que tal aumento de produção agravaria os índices de poluição do ar na região. 
 
Mesmo sabendo que há anos os índices de poluição do ar já ultrapassaram o recomendado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)  que, ainda são  parâmetros defasados – o governo do Estado, através do Iema licenciou a quarta usina de pelotização em Ubu.
 
Mas a expansão da poluição tende a aumentar ainda mais. A Vale está renovando sua licença para construir uma siderúrgica, a CSU, em Anchieta. O projeto inicial era da 
Vale e da chinesa Baosteel Corp. e foi adiado algumas vezes. 
 
O projeto previa que a CSU produziria 5 milhões de toneladas/ano de aço, com potencial de emissões de 9,7 milhões de toneladas/ano de gás carbônico (CO2), gás que provoca o aquecimento global. Mas o mercado poderá levar a empresa a produzir o dobro de aço na siderúrgica, projetada para permitir este aumento de produção. 
 
Há anos é sabido que a Samarco polui a  Lagoa Mãe-bá, na divisa de Anchieta e Guarapari, com metais pesados. Da mesma forma que as poluidoras da Grande Vitória,  a ArcelorMittal Tubarão e Cariacica e Vale, a Samarco também  será convocada a depor na CPI do Pó Preto.

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