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Com 11 anos de atraso, Brasil lança plano contra os ‘Doze Sujos’

Com um atraso de 11 anos, o Brasil lança um plano contra os “12 sujos”, como são chamados são os agrotóxicos do tipo Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs).  A lista é formada pelo aldrin, clordano, DDT, dieldrin, dioxinas, endrin, furanos, hexaclorobenzeno, heptacloro, mirex, PCBs e toxafeno. 
 
Os POPs duram até décadas antes de se degradarem em formas menos perigosas. Até agora, boa parte desses venenos são vendidos livremente no Brasil. 
 
Os agrotóxicos, incluindo os POPs, devastam o Espírito Santo, que já foi campeão brasileiro, e atualmente é o terceiro estado da federação que mais faz uso de agrotóxicos em geral por pessoa. Atualmente o Estado é o  maior consumidor do país em herbicidas. 
 
Na prática, todos os alimentos vendidos nos supermercados e feiras capixabas estão contaminados. Há alguns, como o pepino, alface, arroz, tomate, uva e  abacaxi, que apresentam elevados teores de agrotóxicos, até mesmo de venenos que os fabricantes dizem ser contraindicados para aqueles produtos.
 
Desde 2009, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo.  Os brasileiros comem mais de 1 milhão de toneladas de venenos agrícolas, o que equivale a um consumo médio de 5,2 kg de veneno agrícola por habitante.  
 
Atualmente, o Brasil consome  cerca de 20% dos  venenos agrícolas produzidos no planeta. O gasto do país, só com venenos, é de US$ 8,5 bilhões, em 2011.  E não inclui o custo do  tratamento das doenças produzidas pelos agrotóxicos.,
 
Todos os venenos agrícolas são tóxicos para os humanos, e os POPs, os de efeitos mais devastadores. Os agrotóxicos começaram a ser usados em larga escala após a II Guerra Mundial, supostamente para combater pragas agrícolas e na prevenção de doenças, como a malária.
 
A indústria transnacional apresentava os produtos como de alta eficácia para combater pragas animais e as consideradas ervas daninhas e inofensivos  para humanos.
 
As primeiras observações sobre sua toxicidade nos humanos datam da década de 60. Desde então, milhares de estudos em todo o mundo apontaram que os POPs produzem câncer, infertilidade, doenças renais e do fígado e doenças cardiovasculares. Também produzem mudanças de comportamento, como fadiga, depressão  –  levando muitos dos contaminados  até ao suicídio  -, tremores e convulsões, entre outras doenças.
 
Nos últimos anos, denúncias contra os venenos agrícolas têm aumentado, e não só contra os POPs. Esta  semana, o Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde, divulgou estudo mostrando a correlação da contaminação do ambiente e dos alimentos com o câncer, citando ainda outras doenças. 
 
O governo federal então lançou o Plano Nacional de Implementação da Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes. E informou que até a próxima semana, enviará ao Secretariado da Convenção de Estocolmo, do qual o Brasil faz parte, o seu compromisso contra os POPs. O documento determina medidas de controle relacionadas ao uso, à produção, à importação, à exportação e à disposição final dos POPs.
 
A Convenção de Estocolmo entrou em vigor em 17 de maio de 2004 e estabelece que os países adotem medidas de controle relacionadas aos Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs). O Brasil ratificou a Convenção em 2004. 
 
Entretanto, só agora lança o seu Plano Nacional contra os POPs. O Plano reúne um conjunto de atividades a serem cumpridas pelo Brasil na eliminação destes tipos de venenos agrícolas.
 
Os outros venenos agrícolas, produzido por empresas como a Monsanto, Syngenta e Bayer, continuam sendo vendidos livremente, como acontece na  prática.

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