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Literatura latino-americana perde seus ícones

 
A literatura latino-americana é caracterizada por uma riqueza imensa de gêneros e diversidades; por possuir um aprofundamento literário sem dimensão; e levar ao grande público a cultura dos povos latinos. Alguns dos responsáveis pelo sucesso dessa literatura no mundo são escritores como os brasileiros Ariano Suassuna e João Ubaldo Ribeiro; o colombiano Gabriel García Márquez; e o uruguaio Eduardo Galeano. 
 
Acontece que todos esses escritores citados faleceram recentemente, deixando todo um legado de obras para trás e lançando questão sobre como a literatura latino-americana tem perdido grandes nomes. Certamente, há muito escritores e escritoras produzindo literatura nesses países, e sendo fortemente influenciados pela geração mais velha de escritores latinos, mas ainda assim são nomes de tamanha importância que não se pode negar a falta que farão no cenário literário. 
 
Eduardo Galeano foi o mais recente escritor a falecer. Nessa segunda-feira (13), ele morreu aos 74 anos em Montevidéu, devido a complicações geradas por um câncer no pulmão. Galeano era também ensaísta e jornalista. Como escritor levou para dentro de suas obras a discussão política. Não se consegue até hoje definir o estilo literário do escritor, já que ele passou pela poesia, pela história, pelas análise e também pelos relatos. 
 
Para conhecer a obra de Galeano é preciso, sem dúvidas, chegar ao livro As Veias Abertas da América Latina (1971) – obra que foi até proibida no Brasil, Argentina, Chile e Uruguai em épocas de ditaduras militares, pois Galeano se posicionava claramente na política de esquerda. Outros livros imprescindíveis para conhecer todos os recortes literários do uruguaio são as três obras que compõem a trilogia Memória do Fogo (1982-1986): Os Nascimentos (1982); As Caras e as Máscaras (1984); e O Século do Vento (1986). Juntas ela mesclam poemas, documentos, descrição de fatos e análises interpretativas de movimentos sociais, o que caracteriza bem o escritor que Galeano foi. 
 
Além de Galeano, em julho de 2014, o Brasil se despediu do baiano João Ubaldo Ribeiro, escritor, jornalista e roteirista que muito contribuiu para levar a literatura brasileira a outros países. Marcado por sempre retratar e focar o povo brasileiro em suas obras, João Ubaldo escreveu grandes obras como Sargento Getúlio (1971); Viva o povo brasileiro (1984); e A casa dos Budas Ditosos (1999), um de seus livro mais aclamados e conhecidos. A obra coloca como enredo o tema da luxúria ao apresentar a vida de uma baiana de 68 anos que narra, em monólogo, suas experiências sexuais. 
 
Um mês antes de João Ubaldo Ribeiro falecer, o Brasil perdeu outro grande e popular escritor, Ariano Suassuna. O escritor, nascido na Paraíba, ganhou popularidade com a peça O auto da Compadecida, escrita em 1955 e encenada com vigor por muitos anos. A peça ganhou o Brasil quando foi adaptada pela o cinema na terceira versão, em 2000, com direção de Guel Arraes. Durante a carreira, Suassuna escreveu cerca de 16 peças e três romances e foi sempre lembrado por levar as questões nordestinas para o centro das discussões.
 
 
Em abril de 2014, a América Latina perdeu um de seus maiores e mais respeitados escritores, Gabriel García Márquez. O colombiano foi o criador de um gênero literário único, o realismo mágico – que mistura acontecimentos reais e sensíveis a elementos mágicos, que por algumas vezes podem nem ser explicados. Carinhosamente conhecido como Gabo, o escritor marcou sua escrita por mesclar fatos da história com a literatura. Entre suas obras mais conhecidas estão Relato de um Náufrago; a não-ficção Crônica de uma Morte Anunciada (1981); e o mais conhecido de todos, mas tão mais importante que o conjunto de sua obra, Cem anos de Solidão (1967). O livro figura entre um das mais lidos e traduzidas de todo o mundo, sendo também considerado o segundo livro mais importante de toda a literatura hispânica. 
 
Acessibilidade dos livros em Vitória
 
Diante da despedida de grandes escritores latino-americanos, é importante perceber se a geração atual de leitores tem tido devido acesso às obras deles. Desta forma, foram pesquisadas a presença das obras de cada escritor em duas das mais relevantes bibliotecas de Vitória, localizadas na Enseada do Suá e no campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). 
 
Na Biblioteca Central da Ufes, em Vitória, é possível encontrar um acervo de 70 livros só do Escritor Gabriel García Márquez – entre as obras disponíveis estão Amor nos tempos de Cólera (1985) e Cem anos de solidão. Lá também é possível encontrar os principais livros de Ariano Suassuna e de João Ubaldo Ribeiro, além de 24 exemplares de diversas obras de Eduardo Galeano, como o romance Canção de Nossa gente (1974). 
 
A biblioteca da universidade é aberta a todo o público da Grande Vitória para consultas de livros e acesso à leitura dentro do estabelecimento, mas só pode levar as obras para casa se houver algum vínculo com a Ufes. 
 
Já na Biblioteca Pública do Espírito Santo, na Enseada do Suá, onde a aquisição é livre aos moradores de qualquer município por meio de cadastro prévio, é possível encontrar um acervo menor dos escritores. Por lá, obras de João Ubaldo Ribeiro como Um brasileiro em Berlim e A cada dos Budas Ditosos estão disponíveis; assim como O Auto da Compadecidade, de Suassuna. Não há livros de Gabriel García Márquez, mas existem seis títulos do escritor Eduardo Galeano, entre eles As veia abertas da América Latina.

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