A privatização da BR-101 está sendo ótima para a ECO-101, empresa concessionária da rodovia, mas péssima para comunidades do entorno. Agora, são os moradores das comunidades de Córrego Juncado, Chumbado, Córrego Rodrigues e Santa Luzia, em Sooretama, norte do Espírito Santo, que denunciam a negligência da empresa. Eles afirmam que ausência de sinalização no ponto de ligação entre a rodovia e as comunidades ameaça a segurança dos motoristas, razão pela qual reivindicam obras no local.
Se a empresa não acenar com providências, os moradores prometem fechar a BR-101 na região durante o próximo feriado de Tiradentes (terça-feira, 21).
O principal acesso às comunidades é por uma rodovia estadual asfaltada, com tráfego veicular intenso, uma vez que a comunidade do Juncado é mais populosa na Zona Rural de Sooretama. Outro fator de incremento de trânsito é que a rodovia conduz à sede da Reserva Biológica de Sooretama, ponto turístico da região.
Os moradores dizem que, no entanto, a ECO-101 não instalou uma placa para orientar os motoristas. Como no trânsito a negligência cobra preço, a consequência são acidentes, alguns com vítimas fatais. Os motoristas se arriscam ou utilizando o acostamento para realizar manobras ou acessam a via bruscamente, sob o risco de um encontro com veículos na contramão, sentido BR-101.
A reivindicação da comunidade é um tanto óbvia: a construção de um trevo devidamente sinalizado e iluminado ou a abertura de alças-alargamento dos acostamentos no local. O objetivo, claro, é dar segurança e visibilidade à manobra dos motoristas.
A vegetação alta e a iluminação inadequada também são outros agravantes. A falta de iluminação confunde até os motoristas locais, que, à noite, costumam errar o acesso, tamanha a escuridão. O asfaltamento está incompleto, o que agrava a situação. Um trecho de cerca de 50 metros entre as duas rodovias está sem pavimentação. Em época de chuvas, buracos se formam e os motoristas mais vulneráveis à insegurança.
Na sessão da última terça-feira (14) na Assembleia Legislativa, o deputado Enivaldo dos Anjos (PSD) abordou a questão com críticas severas à ECO-101. “A ECO-101 sequer recebe seus representantes para discutir assuntos simples, como a colocação de uma placa de sinalização e orientação de motoristas”, disse. “Não faz a sinalização não é por falta de dinheiro, é má vontade mesmo. Má vontade até de receber os representantes das comunidades”, completou.
O deputado também lembrou o descompasso entre os lucros da ECO-101 com a privatização da rodovia e a situação desta. Em balanço divulgado em março, a empresa registrou receita de R$ 111,6 milhões desde que iniciou suas operações de cobrança de tarifa nas sete praças de pedágio no trecho da BR-101 que corta o Espírito Santo, em 18 de maio de 2014.
As praças de pedágios por ora foram as principais intervenções da empresa na rodovia federal. No máximo, as obras são predominantemente de sinalização horizontal e vertical.