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Foi aberta oficialmente nesta manhã (20) a segunda edição da Feira Literária Capixaba, conhecida como Flica. As atividades da feira estão na Fábrica de Ideia, em Jucutuquara, Vitória, e seguem até domingo (24), sempre a partir das  9h e com entrada livre. O início da programação de hoje contou com apresentação cultural da Fafi, Conversa com Escritores e a realização da primeira mesa de discussão que colocou como tema A Literatura Brasileira Produzida no Espírito Santo, com participação dos convidados Saulo Ribeiro (Editora Cousa); Ana Laura Nahas (Secretaria de Cultura de Vitória e escritora); José Eugênio Vieira (Representante da Sebrae) e mediação de Matusalém Dias. 
 
A discussão teve como objetivo apresentar um panorama sobre a produção literária nos dias atuais, para isso Saulo Ribeiro iniciou a discussão falando sobre a atuação da editora Cousa. Ele  destacou o trabalho que a Cousa vem fazendo há seis anos, movimentando a produção literária independente da Grande Vitória. Saulo afirmou que a editora tem conseguido lançar novos escritores, além de ter autores já conhecidos. Saulo definiu o trabalho como “de guerrilha”, se referindo à distribuição, já que as publicações são de baixa escala e a editora aposta em circulação por internet e em eventos literários e culturais por Vitória. 
 
Ana Laura Nahas, na condição de secretária de Cultura de Vitória, destacou a importância da Lei Rubem Braga na publicação de obras locais; assim como projetos de discussão literária e formação de  leitores como o Viagem pela Literatura. Entretanto, com uma plateia pequena e dividida entre estudantes e representantes de movimentos e projetos culturais, a primeira pergunta foi de contestação em relação às publicações realizadas pela Lei Rubem Braga que, lança livros, mas não faz trabalho de divulgação das obras lançadas. 
 
Saulo e Ana Laura foram indagados sobre como fazer a circulação das obras reagir, já que uma editora pequena não consegue ter alcance de suas obras a todos os locais possíveis do Estado – devido a baixa tiragem das obras – e o governo do Estado, que deveria ser responsável também pela aquisição das obras para a integração das mesmas em acervos públicos, não atua de tal forma. 
 
Saulo Ribeiro levantou a questão de que, como articulador de uma editora pequena, sua atuação é sim limitada em relação à circulação, mas que a Cousa está atenta às novas forma de circulação pela internet e por meio do ativismo de rua, indo atrás de dos leitores, conhecendo esses leitores específicos, e se fazendo presente em ações também específicas. Saulo ainda destacou um movimento crescente literário que tem se feito presente em Vitória, com coletivos de literatura (Confraria dos Bardos e Literatura Marginales) casas  de cultura (Má Companhia, Casa da Stael), grupos independentes, eventos e todos em parcerias, colocando livros à venda e indo atrás de seus públicos. Para Saulo, o Estado tem potencial cada vez mais forte de produção literária, mas é preciso entender seus públicos e estar dispostos a encontrá-los, “pegamos nossos leitores quase que na chave de braço”, contou ele. 
 
Já Ana Laura disse que a prefeitura precisa repensar sua forma de apoio  à circulação, e que isso pode ser discutido. Os questionamentos seguintes da plateia refletiram a perfil dos convidados: pessoas ligadas a projetos literários e movimentos culturais há anos que frisavam a importância de seus projetos, assim como destacavam a visibilidade e melhorias que precisavam sofrer essas ações. Contudo, numa plateia em que mais de 50% dos presentes eram alunos do ensino médio, o assunto não se sustentou entre a juventude – que foi se dispersando da discussão. A Flica mostrou que, pelo menos dessa vez, o público jovem não foi o público-alvo dessa atividade – um incoerência, já que muito se falou sobre a importância do incentivo à leitura e à formação de público. 
 
Em meio à mesa de discussão uma participante convidou a todos para um evento de balanço da feira literária deste ano, que acontecerá em julho. Momento em que se levantará o debate sobre o sucesso ou não da feira – ação importante se for levada em conta a efetividade da Flica que, em meio às suas tendas de venda de livro da livraria Logos; espaços de exposição de quadros; e lugares de divulgação de trabalhos na área literária, não conseguiu ainda fisgar um grande público, incluir os novos grupos independentes de produção e circulação de literatura, e se mostrar com tamanha relevância como as feiras literárias que estão se consolidando pelo Brasil. 
 
Serviço
A Feira Literária Capixaba (Flica) vai até domingo (24), sempre a partir das 9h, na Fábrica de Ideia – Jucutuquara, Vitória. A participação é livre. 

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