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Nuvens pretas formadas pela Vale e ArcelorMittal têm origem em equipamentos velhos

As nuvens pretas formadas pelos poluentes da Vale e ArcelorMittal Tubarão e Cariacica, na Grande Vitória; da Samarco, em Anchieta, no sul do Estado; e da Aracruz Celulose (Fibria), em Aracruz, no norte  capixaba, têm origem no uso de equipamentos velhos, de baixa eficácia.
 
Precipitadores eletrostáticos com tecnologia defasada e filtros de manga em quantidade e qualidade insuficiente são comuns nas empresas. Os capixabas pagam com  perda de patrimônio e, pior, enfrentando doenças produzidas pela  poluição que debilitam o organismo e causam elevada mortalidade.
 
As chamadas emissões visíveis, que saem das chaminés das empresas e são observadas a quilômetros de distância, produzem efeitos deletérios em toda a região metropolitana da Grande Vitória, e ao norte e sul de extensas áreas do litoral capixaba.
 
Atualmente, com precipitadores eletrostáticos novos, do tipo usados nas poluidoras da Grande Vitória, só haveria a contenção de 99% dos poluentes que passam nas chaminés. Mas os equipamentos são velhos, alguns com 18 anos de uso, ou até mais, e sua eficácia reduzida. 
 
A situação é agravada, pois não existem precipitadores eletrostáticos de reserva nas empresas. No caso da ArcelorMittal Tubarão, ainda há outro agravante. São três usinas siderúrgicas e apenas duas unidades de dessulfuraração.  O enxofre é lançado no ar sem nenhum tratamento, mais um complicador para a saúde e qualidade de vida da população.
 
Equipamentos utilizados na Europa, nos Estados Unidos da América e no Japão, entre outros países, apresentam uma eficácia para controle das emissões de até 99,9% nas chaminés. Para isso, são empregados precipitadores eletrostáticos de alta tensão, somados a filtros de mangas sequenciais. 
 
O investimento para controle eficaz da poluição do ar é elevado, e as empresas não querem investir nos seus empreendimentos no Espírito Santo, diferentemente do que fazem na Europa, por exemplo. Não são cobradas pelo governo do Estado, nem pelas prefeituras. Menos ainda pelo Ministério Público Estadual (MPES), que é um dos órgãos fiscalizadores do cumprimento da lei.
 
Agrava uma legislação permissiva, negociada pelas empresas com o governo, que torna os limites fixados praticamente inatingíveis. Mesmo assim, em ocasiões especiais, o valor determinado pela legislação é ultrapassado.
 
O tempo de uso dos equipamentos de controle dos poluentes lançados no ar foram referidos nesta segunda-feira (25) na CPI do Pó Preto pelo deputado Gilsinho Lopes (PR). “Os equipamentos de controle da poluição são velhos e gastos. E no dia a dia, as casas são empesteadas. As doenças alérgicas, pulmonares e do coração só aumentam”, afirmou. 
 
As empresas  têm equipamentos que registram os poluentes que emitem nas chaminés e quanto são lançados no ar. São toneladas de venenos no ar, todos os dias. Tais equipamentos informam até se  a mistura de poluentes é alcalina ou ácida. O governo finge que não vê o problema da poluição, e nada faz.
 
As poluidoras lançam sobre os moradores e o ambiente da Grande Vitória poluentes como Material Particulado Total  (PTS); Material Particulado  (MP10)  –  menores que  dez micra  – que são inaláveis; Material Particulado PM 2.5  –  que são respiráveis  -; Dióxido de Enxofre (SO2);  Óxidos de Nitrogênio (NOx);  Monóxido de Carbono (CO); e  Compostos Orgânicos Voláteis (COVs).  
 
Nesta segunda-feira (25), o professor doutor José Simões Berthoud, da Universidade Federal do Estado (Ufes),  foi convidado da CPI do Pó Preto para  palestra. Falou de um projeto seu, em desenvolvimento, para aumentar a eficácia dos atuais precipitadores eletrostáticos. 
 
Na palestra, deu um esclarecimento para muitos: as wind fences (cercas de vento) usadas no controle de arrasto de minérios das pilhas não tem nada a ver com as emissões das chaminés. Os ambientalistas denunciam que tal equipamento é ineficaz. As empresas apontam eficácia do sistema segundo estudos que encomendam, e o Iema diz acreditar que  funciona.

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