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Empresário rechaça tentativa de inclusão de Pedro Valls em trama sobre tese do crime de mando

Na manhã desta terça-feira (26), a CPI da Sonegação Fiscal da Assembleia Legislativa registrou talvez o seu último capítulo na tentativa de “rever” a morte do juiz Alexandre Martins Castro Filho, assassinado em março de 2003. Durante a sessão, os deputados ouviram o empresário Francisco José Gonçalves Pereira, Xyko Pneus. Em depoimento marcado por contradições, o ex-senador admitiu a ligação com o advogado Beline Salles Ramos e com o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, um dos acusados de mando do crime do juiz Alexandre Martins. Ele rechaçou, porém, a hipótese de participação do ex-presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Pedro Valls Feu Rosa, na tentativa de incriminar o ex-magistrado na trama.

Interlocutor privilegiado na época da prisão de Leopoldo – inclusive, com acesso às reuniões feitas no gabinete de Pedro Valls durante a madrugada –, o empresário afirmou que teria sido oferecido a Leopoldo um acordo de “delação premiada”.  No entanto, Xyko Pneus não soube explicar quais os fatos seriam relatados pelo juiz aposentado ou até mesmo o teor das possíveis “revelações” lançadas pela mulher de Leopoldo, Rosilene, que durante um telefone pediu a intermediação de Beline e o empresário para obter a soltura de Leopoldo. Foi quando surgiram as primeiras contradições no depoimento, em relação aos testemunhos do advogado e do ex-magistrado nas duas sessões anteriores de CPI.

Segundo o empresário, ele teria intermediado o acordo de delação por solidariedade a Leopoldo, do qual seria amigo em decorrência do vínculo feito na Adhonep (Associação dos Homens de Negócio do Evangelho Pleno). Xyko Pneus – que estava no exercício do cargo de senador em função da então licença do senador Magno Malta (PR) – disse que havia conseguido junto ao Ministério da Justiça a extradição do juiz e sua família para o Canadá, em troca de delação premiada sobre o crime organizado no Espírito Santo. Ele afirmou que o desembargador Pedro Valls também teria participado das negociações. Contudo, nos depoimentos anteriores, o destino de Leopoldo seria a Itália.

Xyko Pneu também negou que garantiria o pagamento das dívidas do ex-juiz, além do repasse de R$ 100 mil para cobrir as despesas iniciais da família no exterior. Nos depoimentos à CPI, o juiz aposentado e a mulher teriam confirmado o recebimento da oferta. Outro ponto mal explicado foi a participação do empresário nos atos relacionados ao crime. “Não houve nenhum constrangimento a ele, eu presenciei esse processo como amigo dele e tinha uma relação com o desembargador na condição de parlamentar”, desconversou.

Entretanto, ele admitiu que os seus filhos e do advogado Beline Ramos formalizaram uma empresa (World Business), que atuou na tentativa de venda do software para o sistema prisional, idealizado por Pedro Valls e oferecido aos governos dos estados do Rio de Janeiro e do Paraná. Segundo Xyko Pneus, o desembargador não teria cedido os direitos do programa de computador (Libertec), apesar da oferta aos órgãos do poder público.

Na sessão, o ex-senador entregou à Comissão as decisões judiciais relacionadas a todas as denúncias, “baseadas em insinuações genéricas”, que teriam sido todas rejeitadas pela Justiça. “Hoje, sou um homem doente e quebrado financeiramente, por causa de acusações infundadas, depois de ser um empresário de reputação”, disse o empresário, com dificuldades por causa dos efeitos do Mal de Parkinson.

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