A exploração do granito e mármore destrói o interior do Espírito Santo. São só perdas e danos, em todo o Estado. Mas no norte e noroeste, a situação é particularmente grave. Os prejuízos são na esfera ambiental e também no campo social. Os danos são irreversíveis.
Esta é avaliação dos pequenos produtores do Estado. Valmir Noventa, um dos coordenadores do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Espírito Santo, avalia que o setor de rochas ornamentais é o maior poluidor do interior do Estado.
“Os danos da exploração do mármore e do granito são irreversíveis. O que a natureza leva milhões e milhões de anos para construir, o homem destrói em horas ou dias, apenas para atender ao modelo agroexportador”, afirma Valmir Noventa.
Ele cita que a exploração das pedras ornamentais impactam as águas, com aterros de nascentes, em geral existentes próximas das pedras. Também são destruídas as matas nas proximidades, e na abertura de estradas, única e exclusivamente para o transporte dos minerais.
Valmir Noventa segue explicando. As proximidades das pedreiras são as mais ricas em biodiversidade, que é destruída. Mas não é só. A paisagem de onde o mármore e granito saem jamais pode ser reconstruída.
E quais são os impactos na economia? O mármore e o granito não passam de matéria-prima na quase totalidade do que é extraído no Espírito Santo. A contribuição para formação da receita dos municípios e do Estado é praticamente nenhum. As pedras exportadas não pagam impostos.
O coordenador do MPA cita comunidades inteiras prejudicadas. Os moradores da comunidade de São Luis, no município de Barra de São Francisco, por exemplo, mal podem transitar pelas estradas. O trânsito das carretas com granito é intenso, durante as 24 horas do dia. Há filas de carretas, assinala, e o trânsito de motociclistas é de elevado risco.
As empresas fazem um trabalho que visa neutralizar a comunidade, evitando protesto. Dão alguns poucos empregos à pessoas da região.
Se fosse incentivada a agricultura camponesa, a geração de renda para a comunidade seria muito maior, defende o MPA. E evitaria doenças, tanto as causadas pelo trabalho com o granito e mármore, como as do pulmão, como da poluição gerada pela poeira nas estradas.
A finalidade da matéria-prima granito não é a construção de casas para a população, diz Valmir Noventa. Visa unicamente atender ao mercado internacional, que não explora este tipo de matéria-prima em seus países. A poluição e a destruição ambiental é exportada para países periféricos, como o Brasil, que paga caro com a retirada e eventual processamento primário do mármore e granito.
O Espírito Santo lidera no Brasil a exploração do mármore e granito. Faz milionários. Com suficiente musculatura para ir para a área de política. A empresa de José Antônio Gidoni, segundo suplente do senador Ricardo Ferraço (PMDB), é a maior do ramo no Estado. Supera o grupo italiano Bruno Zanet, que explora tanto o mármore como o granito no Estado, sem o mínimo de respeito ao ambiente e à sociedade.