O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou R$ 4,34 bilhões em projetos e obras no Espírito Santo nos últimos três anos. Os dados fazem parte do relatório BNDES Transparente, divulgado nessa terça-feira (2), após forte pressão pela abertura das informações sobre operações do banco de fomento. A lista de “clientes” inclui órgãos do poder público, além de empresas privadas, cooperativas e concessionárias de serviços públicos. Os maiores beneficiados foram: o governo do Estado (R$ 3,53 bilhões), EDP Escelsa (R$ 270,92 milhões) e a Samarco Mineração (R$ 201 milhões).
Ao todo, o banco estatal firmou contratos com 22 clientes entre os dias 3 de janeiro de 2012 e 30 de março deste ano. A área da administração pública acumulou o maior volume de recursos financiados – R$ 3,57 bilhões, muito por conta dos repasses ao Estado para implantação dos corredores exclusivos de ônibus (BRT), firmados na gestão de Renato Casagrande (PSB).
Também aparecem na relação as prefeituras de Vila Velha (R$ 14,86 milhões), Vitória (R$ 11,8 milhões) e Serra (R$ 10 milhões), todas para projetos de modernização da área tributária dos municípios. Já o Banestes recebeu R$ 30 mi para apoio às operações de microcrédito.
Em seguida, aparecem os setores de eletricidade e da indústria extrativa e, respectivamente, os acordos com a Escelsa e a Samarco. A primeira recebeu financiamento para a expansão do sistema elétrico e melhorias da rede no Estado, enquanto a poluidora garantiu recursos para aquisição de um novo forno de pelotização – a quarta na planta industrial em Ubu, no município de Anchieta.
O BNDES também celebrou contratos com as empresas: Aracruz Celulose (Fibria), que teve acesso a uma linha de empréstimo de R$ 68,4 milhões; Odebrecht Ambiental, responsável pelo serviço de saneamento em Cachoeiro de Itapemirim (R$ 57,16 milhões); e Itatiaia Móveis, que implantou uma fábrica de eletrodomésticos em Sooretama (R$ 57 milhões).
Outras empresas que fizeram recentes investimentos no Estado também aparecem entre os contemplados pelo banco de fomento: Grupo Bertolini, R$ 37,17 milhões; Biancogres Cerâmica, R$ 19,12 milhões; e a Weg Linhares, R$ 13,89 milhões. O BNDES também financiou a modernização da infraestrutura para adoção do sinal digital na TV Gazeta, afiliada da Rede Globo. O grupo de comunicação teve acesso a uma linha de crédito de R$ 5,95 milhões, divididos entre a matriz em Vitória e as retransmissoras nas regiões norte, sul e noroeste.
Na parte social, o banco fez empréstimos sem custos a duas cooperativas (Cafeicruz, R$ 1,92 milhões; e Pronova, R$ 1,65 milhões) e uma empresa cultura Galpão Produções Artísticas, que recebeu R$ 250 mil para o apoio à produção de um filme intitulado Outro Sertão.
Balanço
A divulgação dos dados ocorre em um momento em que os financiamentos do BNDES são questionados pelo Congresso Nacional, sobretudo, nas operações no exterior. Segundo o presidente do banco, Luciano Coutinho, a página do programa na internet traz resumo do objeto do contrato, o valor financiado, taxas de juros e garantias. Entre as informações resguardadas estão, segundo ele, as que pertencem “à intimidade da empresa” e que, se divulgadas, poderiam revelar estratégia de negócios e situação financeira, por exemplo.
Coutinho informou que já estão disponíveis na internet contratos de comércio exterior no período de 2007 a 2015 no valor de US$ 11,9 bilhões. Também estão acessíveis 1.753 contratos domésticos no período de 2012 a 2015, no valor de R$ 320 bilhões. A expectativa do banco é, no futuro, retroagir a anos anteriores a 2012 para divulgação dos contratos domésticos. Luciano Coutinho disse que a nova versão do BNDES Transparente é “amigável” e fácil de manusear.