Mesmo sem qualquer relação com o objeto das investigações, a CPI da Sonegação Fiscal da Assembleia Legislativa vai propor a realização de uma acareação entre o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira e o ex-senador Francisco José Gonçalves Pereira, Xyko Pneus. Em depoimentos à CPI, os dois confirmaram a realização de encontros no gabinete do desembargador Pedro Valls Feu Rosa, que presidia o inquérito sobre a morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho – crime em que Leopoldo é acusado de ser um dos mandantes. No entanto, um ofício recebido do Comando da Polícia Militar pode provocar uma reviravolta no caso.
Segundo o Ofício/PMES/AJUDANCIA GERAL nº 0107/2015, assinado pelo comandante-geral da PM, coronel Marcos Antônio Souza do Nascimento, não existe qualquer registro de saída – mesmo que temporária – no período em que o ex-juiz teria saído do Quartel de Maruípe, quando esteve detido entre abril e novembro de 2005. O documento desmente o teor do depoimento dos dois, que alegaram estarem presentes na reunião com Pedro Valls.
Diante disso, a CPI também pretende ouvir o delegado da Polícia Civil, Danilo Bahiense, que teria conduzido Leopoldo e também participado do encontro. Nos depoimentos prestados à CPI, Leopoldo e Xyko Pneus declararam ainda que o delegado teria conseguido uma hospedagem de dois dias do juiz detido no hotel Aruan, na orla da Praia de Camburi, sem qualquer registro formal.
O presidente da CPI da Sonegação, deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), pretende colocar os três personagens frente a frente para esclarecer a verdade dos fatos. O parlamentar alegou que, apesar dos desdobramentos do Caso Alexandre não ter relação direta com a comissão, os fatos deverão ser esclarecidos e depois encaminhados ao Ministério Público.
O caso surgiu após o depoimento de Leopoldo, a pedido do presidente da Assembleia, deputado Theodorico Ferraço (DEM), que desconstruiu a tese de crime de mando na morte do juiz, ocorrida em março de 2003. Foi quando surgiram os relatos da suposta reunião secreta entre Leopoldo e Pedro Valls na calada da madrugada.
No cenário montado por Ferraço, o chefe do Legislativo denunciou a suposta ligação entre autoridades e o esquema de sonegação de impostos. No entanto, os meios políticos consideraram que o alvo do demista seria justamente Pedro Valls, como uma forma de retaliação à prisão de sua mulher, a ex-prefeita de Itapemirim, Norma Ayub Alves (DEM), durante as investigações da Operação Derrama.
Paralelamente, a CPI também ouviu pessoas presas na operação e tem entre seus membros um dos dez ex-prefeitos detidos, o atual deputado Guerino Zanon (PMDB).