Um documentário sobre a luta do cientista e naturalista Augusto Ruschi contra o governo biônico de Elcio Alvares, que queria tomar uma área de reserva de mata atlântica em Santa Teresa, em plena ditadura militar. Este foi um dos temas de documentários sobre Augusto Ruschi, apresentados em Vitória nesta quarta-feira (10). A Sessão Augusto Ruschi, às 12 horas, é parte da X Mostra de Cinema Independente, no Teatro Glória.
O Caso Ruschi, de Tereza Trautman e Augusto Ruschi Guanumbi, de Orlando Bomfim Netto, lembram o cientista no ano do seu centenário de nascimento. Augusto Ruschi Guanumbi dura 11 minutos e foi produzido em 1979, já o O Caso Ruschi tem 23 minutos e a produção é de 1977.
A luta do professor Augusto Ruschi registrada em O Caso Ruschi mostra a defesa das terras e da biodiversidade da Reserva Biológica Augusto Santa Lúcia, em Santa Teresa. O conflito entre o professor e o governador Elcio Alvares, o governador biônico (indicado pela ditadura militar, não eleito pela população), é retratada numa visão de reportagem cinematográfica.
À época, o governo biônico disputou – e perdeu – a luta contra o cientista. O cientista Augusto Ruschi, que dedicou toda uma vida à preservação da natureza, conseguiu impedir que o governo do Estado vendesse a área a uma multinacional.
O curta de Tereza Trautman foi premiado no Festival Brasileiro do Curta-Metragem, de 1977, no Rio de Janeiro, como o melhor curta-metragem.
Após apresentação dos documentários, o cineasta Ricardo Sá abriu discussão sobre o tema.
Um dos presentes informou que chorou com as cenas retratando a luta de Ruschi pela reserva e sua biodiversidade. Considerou de extrema importância o documentário, constatando que os jornais locais e nacionais não cumpriram o seu papel no caso, com as exceções de sempre. “Ruschi já falava em corrupção”, lembrou.
Outro presente lembrou o entusiasmo de Augusto Ruschi na defesa do seu ideal. Hoje, há pessoas engajadas em entidades pela defesa do ambiente, lembrou, como para proteger espécies ameaçadas nas reservas biológicas. Onde ainda se caça e há transito, como em Reserva Biológica de Sooretama, cortada pela BR-101.
Outro participante citou que ainda há muito o que fazer em defesa do ambiente. Citou que em Santa Teresa, por exemplo, há destruição da mata atlântica tanto para criação de loteamentos, como para plantio de eucalipto.
Um dos participantes citou o horário da exibição como impeditivo para participação de muitos. Sugeriu outros horários e exibições. Uma das possibilidades, disse Ricardo Sá, é que os documentários sejam apresentados como parte da programação do cine Metrópolis, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), na Sessão ABD, que é mensal.