Durante a semana, diante do sistemático roubo a delegacias, o secretário declarou que havia indícios de participação de pessoal interno nos roubos e que se policiais estivessem envolvidos seriam responsabilizados, as armas recuperadas e os policiais presos. O Sindipol reagiu dizendo que o secretário havia generalizado na declaração, expondo a instituição e os policiais em busca de um bode expiatório para acalmar a opinião pública.
Na entrevista, André Garcia foi questionado sobre as declarações dadas e disse que todas as vezes em que foi feita essa declaração – que se confirmou com a prisão de um policial militar – não estava se referindo à categoria, até porque, mesmo que quisesse, não teria como se dissociar do contexto das polícias.
Além das declarações dadas, o secretário foi questionado sobre o corte nos gastos na Segurança Pública, que atrapalham o serviço dos policiais e refletem na insegurança da população. Este corte afetou a vigilância das delegacias, o combustível das viaturas e o acesso à internet nas unidades policiais.
Ele admitiu que não é interessante usar os policiais militares para fazer a vigilância das delegacias e que a Chefia de Polícia Civil busca outras alternativas. No entanto, ele reconheceu que a retirada dos serviços de vigilância privada das delegacias está vinculada à falta de verbas, não a erros estratégicos.
Garcia acrescentou que o Estado passa por um período de crise e que débitos herdados do governo passado estão sendo pagos pelo atual. Neste ponto, o secretário depõe contra a própria gestão, já que a suposta dívida herdada é dele próprio, já que ele é um secretário remanescente do governo Renato Casagrande (PSB) e era o ordenador de despesas da pasta.
Além disso, as declarações dadas ao Sindipol contradizem a tese do secretário para justificar os cortes que passaram a ser exigidos pelo atual governo. O governo tentava convencer a opinião pública de que não estavam sendo realizados cortes, e sim “racionalização de gastos”. Na entrevista, ao dizer que não foram erros estratégicos, ele deixa implícito que a ordem do governo de cortar gastos foi aplicada de maneira linear, inclusive em uma área prioritária que é a Segurança Pública.
Estratégia seria fazer a chamada “racionalização” em áreas que não tivessem a prioridade e o apelo da Segurança Pública, que já tem tradicionalmente o orçamento enxuto.
Desde o início do ano, quando os cortes começaram, o secretário vinha sendo alertado sobre a insegurança nas delegacias. Apesar de não chegar a 20% o índice daquelas que tinham vigilância patrimonial terceirizada, ainda assim os contratos com as empresas não foram renovados. Os delegados cobravam investimentos na infraestrutura, que na questão da segurança, além da vigiância, passavam pela instalação de videomonitoramento, alarmes e cofres.
A relação entre o roubo a delegacias e a suposta participação de policiais, neste caso, é irrelevante, já que não se trataram de roubos performados por quadrilhas especializadas, como as prisões que vêm sendo feitas comprovam. Os roubos aconteceram simplesmente porque os bandidos perceberam que as unidades policiais eram um alvo relativamente fácil, por causa da inexistência de vigilância e do sucateamento dos prédios.