A polêmica criada sobre a concessão de um abono de R$ 2 mil para os servidores da Assembleia coloca novamente foco político na relação entre servidores, Mesa Diretora e governo do Estado. Para os meios políticos, a discordância sobre o valor do abono mostra que o presidente Theodorico Ferraço (DEM) teria perdido o controle da Mesa Diretora.
Para tomar qualquer decisão, a Mesa, que é formada pelo presidente, primeiro e segundo secretários precisa de dois votos ao menos. Ferraço afirmou que tinha o apoio dos dois companheiros de Mesa, Roberto Carlos (PT) e Glauber Coelho (PR). Mas a ingerência do governo do Estado pode ter mudado a percepção dos companheiros do demista.
É praxe que os Poderes concedam um abono isonômico, a posição de Ferraço, olhando apenas o orçamento da Assembleia, criou um mal-estar com os demais poderes e os membros da mesa, sobretudo o secretário petista.
Essa movimentação ecoa na disputa pela presidência da Mesa Diretora. O abono de Ferraço já causava na semana passada a leitura de que o demista não estaria disposto a disputar mesmo a reeleição para a presidência da Casa. A complementação seria um presente de despedida para os servidores.
Mas o acordo velado entre os poderes de sempre dar o mesmo valor de abono para todos os servidores do Estado criou a controvérsia. Nesse sentido, ganha destaque o papel do deputado Roberto Carlos, que tomando o papel de interlocutor entre governo e deputados, pode se credenciar como alternativa para presidir a Casa.
O episódio mostra ainda que diferentemente do que se pensava nos meios políticos de que o governador Renato Casagrande não teria controle da Assembleia Legislativa, ele tem conseguido ingerir nas decisões da Casa e a escolha do novo presidente deve mesmo passar pelo seu crivo.
Essa posição do governo tem como referencia o resultado das eleições deste ano, em que as movimentações palacianas do período pré-eleitoral garantiram a vitória de Casagrande nos principais pleitos do Estado.