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Fazendeiros que mataram homem em acampamento do MST vão a júri popular

Seis reús, entre eles os fazendeiros Edilson de Siqueira Varejão Júnior e Edmilson Siqueira Varejão Sobrinho, além de Gilmar Mendes Prates, Iveraldo Luiz de Souza e José Alves Barbosa, estão sendo julgados em Mucurici, região noroeste do Espírito Santo. 
 
Os acusados teriam atirado contra cerca de mil pessoas acampadas na Fazenda Novo Horizonte, em Mucurici. Na ação, um dos acampados, Saturnino Ribeiro dos Santos, foi morto com um tiro na cabeça. Mais duas pessoas ficaram feridas.
 
O crime aconteceu em  setembro de 1997. Na perícia feita pela polícia ficou provado que o tiro que atingiu Saturnino Ribeiro Santos foi disparado do revólver calibre 38 de Edilson Siqueira Varejão Filho. 
 
O julgamento é o segundo e começou às 9 horas desta quarta-feira (17) e foi interrompido às 18 horas. Recomeça nesta quinta-feira às 9 horas, quando deve ser encerrado. 
 
O juiz que preside o júri popular é Helthon Neves Farias e o promotor Edilson Tigre Pereira. Na acusação dos réus, o advogado Jacenildo Reis, assessor jurídico do Programa de Proteção dos Direitos Humanos (PPDH), no Espírito Santo.
 
Edvaldo dos Santos, da coordenação estadual do MST, conta a história do crime.  Em  1997, cerca de 250 famílias sem terra, aproximadamente mil pessoas no total, incluindo crianças e idosos, ocuparam a fazenda Novo Horizonte.  Uma fazenda que o MST avaliou como improdutiva.
 
No dia do homicídio do sem terra, pela manhã, os fazendeiros mandaram leite para as crianças. Ao meio-dia, os moradores foram surpreendidos por fogo colocado no pasto seco. O fogo logo se alastrou no entorno do acampamento ameaçando a vida de todos. Os acampados correram com suas ferramentas para apagar o fogo. Foram surpreendidos por uma saraivada de balas, uma das quais matou um sem terra e atingiu outros dois.  Centenas tiveram de correr para escapar da morte.
 
O primeiro julgamento dos acusados foi em setembro de  2012. Dois foram condenados, quatro absolvidos. O  fazendeiro Adilson Siqueira Varejão Filho foi condenado a seis anos de prisão, junto com um dos outros acusados. Mas haviam se passado os seis anos, e eles sequer foram para a cadeia.  Aliás, relata o MST, o juiz, à época, deu prazo de dois meses para o fazendeiro renovar o porte de seu revólver, que estava vencido. 
 
O promotor recorreu da decisão e o Tribunal de Justiça anulou o júri. Agora, o grupo voltou ao banco dos réus. Cerca de 200 membros do MST compareceram a  Mucurici para acompanhar o júri e exigir a condenação dos criminosos. 
 
O MST informou que o clã Varejão tem várias fazendas no Espírito Santo, Minas Gerais e na Bahia.  Na Grande Vitória, tem frigorífico. Em Ponto Belo, uma das fazendas do grupo, a Panorama, foi ocupada três vezes, e três vezes desocupada. Os ocupantes fizeram um acampamento em frente à fazenda, considera improdutiva pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
 
   

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