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Ai dos vencidos!

Esse fim de semana vai ser como finados na França, mas na Bélgica e nos outros seis países aliados vai ter muita festa em Waterloo, cidade perto de Bruxelas. Com muito barulho, por lá estão comemorando os  200 anos da batalha em que Napoleão perdeu as botas. Os inimigos tinham 68 mil soldados e Napoleão 73 mil. E  a gente pensa, só 200 anos? Quanta coisa mudou no mundo em apenas 200 anos!
 
Imagine-se Napoleão de Ipad a tiracolo e celular tilintando no bolso. Ele olha e reconhece o número, “Josefina, mon amour, agora não, estou em plena batalha!” Josefina, sempre bem informada, ataca, “Eu sei, mon chéri. Já está rolando no Twitter que você está perdendo…” Enquanto se desvia dos AI5 ele acha tempo para uma risada irônica, “Isso é golpe baixo desse duquesinho empoado, o Wellington… Ele não tem cacife pra me derrotar”.
 
“Como medida de precaução, estou me mandando no jatinho imperial pra nosso palácio na Suíça. Não quero ir pra Santa Helena… as acomodações lá são péssimas”. A traição da amada dói mais que ver seus soldados caindo feito manga madura a seus pés, “Se eu for, você vai comigo, Mon amour, casamento é pra essas horas”. Josefina acha tempo para uma risada irônica antes de entrar no jato, “Nem aquecimento central eles têm lá, mon chéri. E em vez de vinho francês, provavelmente vão nos servir o péssimo vinho inglês”.
 
E o resto se perdeu nos anais da  história. Ou quase, que os festejos mal começaram. Com todos os ingressos esgotados, a encenação da famosa batalha está a presença de  milhares de  turistas do mundo todo,  além das  transmissões vivo pela TV.  Segundo as autoridades locais, uma estupenda infraestrutura e logística foram planejadas para tornar o evento  a maior encenação de uma batalha já ocorrida no mundo todo, com recursos nunca usados antes: 5.000 atores,  300 cavalos, 100 canhões.
 
No local hoje existe um grande monumento em forma de colina, chamado Monte do Leão, ou o Leão de Waterloo. Pagando, os turistas podem subir seus 226 degraus. O Rei William I, da Holanda, mandou construí-lo em 1820, no local em que seu filho, Príncipe William II, foi atingido por uma bala de mosquete.  A colina oferece uma ampla visão do campo de batalha, do tamanho de 22 estádios de futebol.
 
Mas como seria a batalha se já existissem certas amenidades? Do Palácio de Versalles Napoleão  assistiria e comandaria a batalha através de computadores. “Joga um míssel naquele grupo de prussianos ali à direita… rápido, seus molengas! … Não estou vendo o Wellington… cadê aquele covarde? Não foi ao campo de batalha, é? Fica só de longe… Um bom general tem que morrer junto com seus soldados… Se ganharem, ele ainda vai levar a fama…”
 
Enquanto isso, o Wellington, em Buckingan, assiste a tudo na TV ao lado do Rei George III,   “Não estou vendo o corso… O covarde inventa uma guerra, provoca a morte de 140  mil soldados, e não foi morrer junto?” O rei esclarece, “Hoje em dia o primeiro escalão não corre riscos desnecessários…” Wellington leva um susto, “O que foi isso? Céus, uma bala atingiu o Príncipe William e ele quebrou o nariz! Como vai governar a Holanda sem faro para as grandes negociatas?”  Lembrete 1, William é o holandês, não o da Kate. Lembrete 2, o leão de Waterloo não foi Napoleão nem Wellington, mas o Príncipe.

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