A caça de animais silvestres na Reserva Biológica (Rebio) de Sooretama, em Linhares, ainda é intensa. Outro sério problema é o atropelamento dos animais no trecho da BR-101 que corta a unidade de conservação.
Estas foram duas das constatações feitas em Vitória, durante mesa interativa para discutir os atropelamentos de animais na BR-101. A mesa, nessa quinta-feira (18), a partir das 17 horas, foi parte do Festival Ambiental O Canal, no Memorial da Paz, na Praça do Papa. O festival vai até o próximo domingo (21), e a entrada é gratuita.
A mesa foi organizada com a finalidade de sensibilizar as pessoas sobre os problemas dos atropelamentos frequentes de animais, bem como apontar as medidas emergenciais mitigadoras que estão sendo exigidas pela população.
O presidente da ONG Últimos Refúgios, Leonardo Merçon, mediou o debate, que contou com cerca de 20 pessoas. No evento, foi lembrado que animais onças (pintadas e pardas), antas, harpias, entre outros, morrem atropelados na BR-101.
Os palestrantes apontaram que no ritmo em que os atropelamentos estão acontecendo, em 30/50 anos todos os animais de grande porte, cujas mortes chocam as pessoas, estarão extintos no Espírito Santo.
Também há grande mortalidade de morcegos, aves e pequenos anfíbios, entre outros, no local.
Para evitar ou, no mínimo minimizar a ocorrência dos atropelamentos, uma série de medidas emergenciais foram discutidas e apresentadas ao Ministério Público Federal (MPF), que vem cobrando sua aplicação pelos órgãos responsáveis.
Entre estas, a redução da velocidade da BR-101 no trecho de 25 quilômetros da Rebio Sooretama para 60 quilômetros por hora; e instalação de radares de trecho inteligentes que registram e monitoram a velocidade dos veículos.
E, ainda, desobstruir os túneis de drenagem de água sob a pista que podem servir como passagem de fauna; fazer o cercamento da via de forma direcional para os túneis; e retirar as árvores frutíferas exóticas das margens da estrada (mangueiras e jaqueiras, por exemplo).
A colocação de placas temáticas de advertência e educativas no trecho; instalar passagens de estrato arbóreo (passagens aéreas) para travessia de animais arborícolas (macacos e bicho-preguiça, por exemplo); retirada do das florestas e corpos d’água no entorno na rodovia; promover ações de sensibilização dos usuários da rodovia; e disciplinar o uso da via pela comunidade e empreendedores locais, também estão no elenco para proteger os animais da Rebio Sooretama.
Os participantes da mesa puderam constatar que a caça aos animais silvestres ainda é intensa na reserva. Leonardo Merçon cita que um caçador, encapuzado, matou uma paca em frente à uma câmara de monitoramento na reserva, em represália à vigilância da área.
Da mesa redonda participaram o professores Áureo Banhos; Marcelo Renan Santos e Charles Gladstone Duca Soares.
A Reserva Biológica de Sooretama, a Reserva Natural Vale, a Reserva Particular do Patrimônio (RPPN) Natural Mutum-Preto e a RPPN Recanto das Antas formam um complexo com mais de 50 mil hectares de floresta protegida.