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Análise: E Agora, Aonde Vamos?

Num mundo marcado por eternos conflitos por diferenças ideológicas, qualquer lugar do mundo terá suas pendências  a serem resolvidas. Sobra, entretanto, a criatividade para o embate.

 
E agora onde vamos, é uma pergunta que se faz  um pequeno povoado libanês, dividido entre muçulmanos e católicos numa guerra que já fez varias vítimas e nunca termina, invadindo a vida cotidiana e espalhando sangue pelas ruas da cidade.
 
Vendo o aumento constante de tal violência as mulheres do povoado, alheias a distinções religiosas se organizam para tentar acabar com a barbárie que separa a vila. De cinema à inserção de sex símbols na cidade, todas tentativas parecem vãs.
 
Com um certo humor, o filme toca num assunto polêmico e recorrente no mundo islâmico, o fanatismo religioso que afeta também os católicos residentes no mundo árabe. Sem cair num pragmatismo democrático, o filme mostra as duas faces da mesma moeda, a religião como o problema central. Tentam combater tal dogma religioso com o espetáculo e com a carne: o cineclube que reúne toda a cidade num esforço tecnológico utilizando poucos recursos, e o aluguel de um grupo de dançarinas para tentar saciar a sede violenta dos homens.
 
Nada disso porém parece funcionar, e o canto das mulheres segue clamando por um mundo mais pacífico. A música é a ponte de contato entre tamanhos contrastes. De um lado jovens modelos ucranianas seminuas convivendo com uma comunidade paupérrima coberta da cabeça aos pés. De um lado católicos e do outro muçulmanos. Homens e mulheres. Nesse imenso conflito só a abstração musical parece não ter nenhum lado, e é nela que se apoiam na possibilidade de reconstruir a sociedade.
 
A tendência de cair no musical entretanto se apoia na dança e isso cria um certo estranhamento em coreografias tão desajeitadas quanto à musica constante que cansa qualquer possibilidade narrativa.
 
A bela fotografia tenta recriar a aridez do deserto, o tom terroso da cidade, que tenta pintar-se de branco em vão, uma cor que não lhe pertence, mesmo que o protagonista esteja todo manchado, o branco é tão violento como o vermelho. É o ocre da terra que liga os extremos da cidade. As jovens mães que seguidamente perdem seus filhos surgem como um quadro à parte, pietás contemporâneas num mundo violado pela constante guerra.
 
Serviço
 
E Agora Aonde Vamos? (Et maintenant on va où ?, França, 2012, 110 min, 14 anos) 
Shopping Jardins – Cine Jardins: Sala 2. 21h. (sabado não haverá sessão)

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