Uma aberração foi ouvida repetidas vezes na Assembleia Legislativa nos últimos dias. Sem argumentos para defender a absurda imposição do Palácio Anchieta a assuntos de interesse da sociedade, moldados ao jeito do governo, de Estado mínimo sempre, os aliados palacianos buscaram no voto a justificativa para os atropelos nos debates.
O argumento, se que se pode chamar assim, foi de que o governador Paulo Hartung (PMDB) foi eleito no primeiro turno e que os deputados não poderiam ir contra a escolha do povo. Como se a eleição do governador fosse um cheque em branco que lhe dá todos os poderes para decidir sobre a vida da população. Não é.
Uma coisa é escolher um projeto em detrimento de outro, outra coisa é transformar uma unidade federativa, democrática, em um pequeno feudo em que todos os desejos do governante devem ser aceitos sem questionamento. Se for assim, melhor retomar a ideia da ex-deputada Mariazinha Vellozo Lucas: acaba com a Assembleia.
Se o Legislativo, que é o poder responsável pela proposição de leis e fiscalização do Executivo, abre mão de sua prerrogativa, muda-se logo o nome do sistema, porque aí deixa de ser democracia, deixa de ser regime presidencialista.
Recentemente, a mesma Assembleia permitiu que o governo faça suplementações ao seu bel-prazer, sem ser cobrado pela Assembleia, depois permite que o governo instale uma escola modelo com dinheiro público na empresa de um aliado do ES em Ação, agora aprova um Plano Estadual de Educação (PEE), sem discutir com a sociedade.
E os deputados insistem em dizer que tudo é democrático, que tudo fica legitimado pelo voto, como se a sociedade não estivesse vendo o que está acontecendo, como se fosse tudo normal. Mas não é. E a coisa é tão escalafobética que não tem como justificar. Se os deputados acham que vão garantir seus lugares na mesa da corte desse jeito, é melhor dar uma olhada nos números que a parceira Futura tem apresentado. A coisa está feia e eles estão na base da cadeia alimentar.
