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Poluição do ar no Estado gera doenças genéticas, alerta médica

Foto: Leonardo Sá / Agência Porã
 
 
A poluição do ar no Espírito Santo pode gerar doenças genéticas. Os problemas serão constatados no futuro, o que exige combate imediato e permanente aos poluentes. 
 
O alerta é de Cecília Zavariz, médica graduada na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP).
 
O alerta da médica foi apresentado durante a audiência pública da CPI do Pó Preto, realizada em Vila Velha nessa segunda-feira (22), à noite. Mas fez mais: sugeriu que a população capixaba se mantenha mobilizada  e que busque ajuda do Ministério Público Federal (MPF) nesta luta.

 
A médica Cecília Zavariz  tem notória competência no combate a poluentes. No seu currículo, especialização em medicina do trabalho. Fez residência médica na área de medicina preventiva no Hospital das Clínicas da USP. E mestrado e doutorado em saúde pública, nas áreas de saúde ambiental e epidemiologia, respectivamente, na Faculdade de Saúde Pública da USP. 
 
Auditora fiscal do trabalho lotada no Ministério do Trabalho e Emprego, desde 1983, fez carreira em São Paulo. Uma de suas linhas de investigação é a contaminação ambiental e ocupacional por mercúrio. 
 
Lastreada nesta autoridade, com audiência de três médicos na mesa da CPI do Pó Preto, de um total de seis parlamentares presentes, e um público de cerca de 100 pessoas, a doutora não mediu palavras. 
 
“Nenhuma das poluidoras pode dizer que desconhece as consequências da poluição pelo pó preto que produz”, afirmou. Vale, Samarco, ArcelorMittal Tubarão e Cariacica minimizaram os estragos que produzem nos depoimentos de seus presidentes na CPI do Pó Preto. Aracruz Celulose (Fibria) sequer foi convocada para depor, embora as chaminés de suas três usinas poluam com pó preto.
 
Para a médica, a poluição do ar no Espírito Santo tem que ser reduzida, e logo, pois podem produzir problemas genéticos, que só serão conhecidos no futuro. E como enquadrar as poluidoras? “É preciso que as empresas sejam processadas por danos morais coletivos, com o objetivo de indenizar os moradores”. 
 
E não parou: “A população tem que se manter mobilizada. Se a CPI não der jeito, tem-se que dar outro jeito. A população deve acionar o MPF com este objetivo”.
 
Depois, em entrevista, voltou a assegurar que o pó preto produz alteração genética. Também pode produzir câncer. Agentes cancerígenos e que produzem mutação genética não podem ser liberados livremente. Qualquer quantidade é prejudicial. 
 
E tem um agravante: entre os poluentes do ar  e os que produzem doenças genéticas no Espírito Santo,  vários produzem alterações genéticas. E seus efeitos vão se combinando, potencializando sua ação. 
 
A médica lembra  a elevada incidência de doenças alérgicas, respiratórias e cardiovasculares no Estado. Cânceres. Informou não conhecer a mortalidade produzida pela poluição do ar no Espírito Santo. Mas citou entre os poluentes que impactam os moradores os particulados. São produzidos pelo minério de ferro e pelo carvão. Sem considerar os poluentes gasosos, como o enxofre, e o produzido pelo uso de diesel.
   
A afirmação da médica Cecília Zavariz  é lastreada em vasta literatura. “A exposição a poluentes do ar durante a gestação pode comprometer o desenvolvimento fetal e ser causa de retardo de crescimento intrauterino, prematuridade, baixo peso ao nascer, anomalias congênitas e, nos casos mais graves, óbito intrauterino ou perinatal”, afirmam os autores do estudo A poluição do ar e o sistema respiratório, entre eles Marcos Abdo Arbex. O estudo foi publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia
 
No Espírito Santo, além da poluição do ar, há uso intenso  de agrotóxicos, também cancerígenos, e que produzem alterações genéticas.  

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