Verdade seja dita. Faz tempo que não surge no cenário político uma figura com a liberdade de expressão do deputado Sérgio Majeski (PSDB). O tucano diz o que pensa e age sem temer os que estão posicionados na contramão do que ele defende. E dá a entender de não ser também portador da temeridade punitiva do governador Paulo Hartung (PMDB).
No caso da sua matéria predileta, que é a educação, Majeski desfigura totalmente o ambicioso projeto do governo: o Escola Viva. Mostra que não passa, à atualidade educacional do Estado, de um logro.
Só que para pânico do governo, ele não se limita à tribuna da Assembleia. Foi ao encontro, dos mais interessados na matéria, que são alunos e professores e que organizaram-se em protestos.
E foi mais longe: percorreu escolas discutindo educação com pais, alunos e professores. E ainda registrou, in loco, a realidade da educação pública no Estado. O pior para o governo: a sua conquista de credibilidade como um legítimo agente da educação.
Diante desse quadro, o governo passou a classificá-lo como ameaça. Por ele não ser suscetível a abordagens e, sobretudo, a temores. A princípio acharam que ele agia por desconhecimento total do centro de poder e dos seus instrumentais de liquidar os que o desafiam. Pulou bem esse obstáculo. E mais: demonstrou para os seus colegas de Plenário, avessos ao espírito de corpo, que sempre norteou as relações entre eles.
O problema à sua frente é a sustentação. Sobretudo por passar a significar risco. Quanto o partido ao qual está filiado, PSDB, toma a iniciativa de começar cedo a discussão das eleições de 2016. O partido demonstra que passou a contar com um sério problema,pelo fato de Mageski ser um nome competitivo para disputar a prefeitura de Vitória.
Sem que essa possibilidade aqui exposta possa ser entendida como um delírio eleitoral, pois é absolutamente real, daí o problema que se afigura para o PSDB, que tem Vitória como a sua principal meta de conquista. Transformá-lo num grande apoiador, em lugar de um bom candidato à prefeitura de Vitória, é tudo que anseiam os tucanos. Pois os tucanos hoje estão divididos entre dois nomes: o vice-governador César Colnago ou o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas. Jamais um político neófito, avesso, sobretudo, à hierarquia política.
Parece-me que, nesse campo, Majeski não navega nada bem. Até por não ter sido um tucano gestado em ninho do PSDB. É mais provável que tenha sido gestado em ninho de bem-te-vi, que no mundo dos pássaros, inferniza até os temidos gaviões, que dirá tucanos.
Sérgio Majeski foi admitido no ninho tucano como candidato a deputado estadual simplesmente para engordar legenda. Para os tucanos de alta plumagem, ele representa, de fato, um risco político. Sobretudo pela ousadia com a qual chuta as canelas do governador Paulo Hartung.
Só que o PSDB é carro de reboque do sistema de poder do governador Paulo Hartung e, como tal, presente sempre na sua partilha de poder. Tanto para ser contemplado à prefeitura de Vitória como para reposicionar o vice Colnago para disputar o governo, caso hartung queira realmente o Senado em 2018.
Diante dessas possibilidades, Mageski é um verdadeiro estorvo e uma ameaça a essa relação do PSDB com o governador. Ainda mais quando entrou no partido outro que também não vai à missa de PH: o ex-prefeito de Vila Velha e deputado federal Max Filho.
Tanto Max Filho como Majeski podem muito bem, com os seus respectivos capitais eleitorais, encarar as urnas dispensando a benção de PH.
Pensamento
“ O perigo está nas conspirações falsas, pois você não consegue desmenti-las.”Umberto Eco.