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Campanha contra o petróleo faz ato no Rio de Janeiro

A campanha antipetroleira “Nem Um Poço a Mais” fez um ao ato no Rio de Janeiro na manhã desta quinta-feira  (9).  No protesto, os manifestantes conseguiram abrir uma faixa e panfletar, distribuindo uma carta produzida no Espírito Santo no lançamento da campanha, ocorrida em  Vila Velha,  no último dia 28.
 
O  ato no Rio de Janeiro foi em frente à Escola de Guerra Naval, na Urca. Na ocasião, a  Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) promovia uma audiência pública sobre o pré-edital da 13ª rodada de licitações de blocos para exploração e produção de petróleo e gás natural. 
 
A ANP usa as audiências para recolher comentários e sugestões sobre o edital e identificar amplamente aspectos relevantes à matéria. 
 
São 23 áreas nesta rodada, distribuídas em dez bacias sedimentares, segundo relação divulgada pela ANP. As áreas estão nas bacias do Espírito Santo,  Amazonas, Parnaíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas, Jacuípe, Camamu-Almada, Campos e Pelotas. 
 
É  fundamental que as comunidades que serão severamente atingidas pela exploração do petróleo, assim como todos os setores da sociedade brasileira, sejam ouvidos, como lembra a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase).
 
Marcelo Calazans, da Fase,  estava no protesto realizado no Rio de Janeiro. Relatou que o grupo, de oito participantes, conseguiu ser ouvido. Seu  representante falou por cinco minutos e o grupo abriu uma faixa da campanha. Cerca de 300  participantes,  entre empresários da área do petróleo e tecnocratas, ouviram, querendo ou não, a mensagem do grupo. 
 
Foi lembrado que a exploração do petróleo é insustentável,. Há danos comprovadas, inclusive decorrentes dos últimos leilões da ANP nas 11ª e 12ª rodadas. E que o petróleo não gera desenvolvimento, como provam as condições econômicas e sociais da Nigéria, Equador e Venezuela. 
 
Todo o entorno dos campos explorados são impactados. Todas as comunidades afetadas.  É por esta razão que haverá resistência e conflitos nos territórios leiloados, como alertaram  os manifestantes no ato no Rio de Janeiro. 
 
Campanha “Nenhum poço a mais!” teve seu lançamento no Espírito Santo. O evento contou com aproximadamente  70 pessoas, de vários estados do Brasil e até representante do exterior. A  carta foi produzida por pescadoras e pescadores, marisqueiras e marisqueiros, comunidades quilombolas e urbanas que vivem “do que o mar, os rios, a terra e as florestas nos dão”.
 
A carta
 
Um treco da carta diz: “… Nós, que somos obrigados a conviver com os poços de petróleo e suas infraestruturas nos nossos quintais, mangues e águas, entendemos que este momento de crise nos cobra uma reflexão sobre o modelo de desenvolvimento calcado na petrodependência econômica e política em que estamos afundando o nosso país. De que nos valem os empregos gerados por esta máquina, se nossos filhos, maridos e mulheres são obrigados a destruir seus próprios territórios em troca de um salário que, em poucos anos, deixará de existir? O pescador que vende seu barco e sua rede para aterrar os manguezais onde é construído um poço, um porto, um duto, do que vai viver ao final da obra? Do que viverá sua família que perdeu o direito de pescar nas áreas de plataformas, que perdeu os mariscos nos arrecifes e coroas destruídos? De que viverá o quilombola sufocado por poços de petróleo que contaminam a terra, por desertos verdes e agrotóxicos, todo esse povo que teve a água e o ar poluídos e se contorce em câncer, embolias pulmonares e intoxicações com metais pesados?  Nós dizemos que este modelo não nos serve, e não estamos dispostos a nos sacrificar e perder os nossos modos de vida em nome de um desenvolvimento que não nos diz respeito”.
 
E, em um dos seus trechos finais, afirmam seus autores: “Afirmamos que é hora de repensar e agir sobre a expansão petroleira e da teia de empreendimentos predadores que a alimenta. Já basta! Nossa decisão é de tornar público nossa demanda: nem um poço a mais! É por isso que lutaremos …”.

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