A Termelétrica Viana (Tevisa), localizada em Areinha, Viana, parou suas atividades nessa quinta-feira (9), às 23 horas. Foi interditada por poluir o ar. O procedimento é extraordinário, considerando que as poluidoras do ar Vale e ArcelorMittal cometem o mesmo crime, 24 horas por dia, ao longo de décadas, e não são punidas. São favorecidas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) e pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
Os gases lançados pelas poluidoras Vale e ArcelorMittal Tubarão e Cariacica, particulados e gasosos, são letais e lançados indiscriminadamente sobre os moradores da Grande Vitória. Já a Samarco afeta da mesma maneira os moradores do litoral sul do Estado. E a Aracruz Celulose (Fibria) lança pó preto sobre os moradores do litoral norte capixaba. Nenhuma das poluidoras são incomodadas pelo governo do Estado e prefeituras.
Segundo o governo do Estado, a Tevisa foi intimada pelo Iema para conter a emissão de poluentes do ar, o pó preto. E parou o seu funcionamento às 23 horas dessa quinta-feira (9).
Neste mesmo dia o Iema, ainda segundo o governo, tinha intimado a empresa para executar medidas de controle ambiental que impedissem que as chaminés expelissem poluentes. As emissões registradas eram em grande quantidade.
Para atender a solicitação, a empresa deverá utilizar da melhor tecnologia disponível e tecnicamente aplicável ou substituir o uso do combustível por gás natural. A Tevisa possivelmente usa óleo diesel, que emite enxofre e outros poluentes. O Iema afirma que paralisação continuará até que a Tevisa apresente ao Iema uma proposta que atenda às determinações feitas.
Diz o governo do Estado que a termelétrica foi interditada em maio pelo Iema. Mas, ao invés de ser enquadrada em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para retomar a operação, a Tevisa recebeu um presente do Iema. Assinou um Termo de Compromisso Ambiental (TCA), que determinava o funcionamento de apenas cinco chaminés por vez, enquanto as outras fossem sendo limpas.
A Tevisa continuou lançando pó preto sobre os moradores. O Iema teve que paralisar o funcionamento da termelétrica. A comunidade de Areinha vem denunciando a situação desde abril de 2015. Moradores chegaram a participar de uma comissão para acompanhar as ações do Iema e da empresa.
Nem o Iema acredita em solução a curto prazo. A solução exige novas tecnologia e estruturas. Mas existem outras denúncias da população, como sobre o ruído produzido pela Televisa. O Iema acena para a empresa com indicação para que instale barreiras acústicas.
Mal a informação circulou, e o presidente da Juntos SOS ES Ambiental, Eraylton Moreschi Junior cobrou o secretário da Seama, Rodrigo Júdice, e o subsecretário de Controle e Gestão Ambiental de Vitória (Seamman), Paulo Barbosa. Exigiu a interdição do píer um da Vale e do píer três, o “TPD de grãos”, da mesma empresa.
A interdição de todo o complexo que polui, que produz doenças e aumenta a mortalidade, não foi cobrada pelo ambientalista. Providência desta natureza só foi tomada uma única vez no Espírito Santo, no governo Max Mauro.