Nas redes sociais a movimentação e expectativa pelo primeiro show do Metá Metá em Vitória é grande. O trio paulista, composto por Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Thiago França formam uma das bandas de maior destaque do cenário da nova música brasileira. A definição do som que eles fazem ainda é um trabalho árduo para os tantos críticos de música que se arriscam e insistem em encontrar uma classificação. O que o Metá Metá faz é uma experimentação ousada e certeira com a música africana e afro-brasileira – dos diversos gêneros e períodos possíveis.
“O Metá Metá é um nome importante da cena brasileira, tem algum tempo que a gente tem namorado essa vinda. A Juçara Marçal lançou um dos melhores discos do ano e é apontada como uma das novas grandes vozes do Brasil”, destaca Fabrício Noronha, produtor cultural que está por trás do Infinitas, projeto que promove o show do Metá Metá e do cantor local Fepaschoal. “O Fepaschoal tem um trabalho consistente há algum tempo aqui em Vitória, com vários shows históricos na bagagem e vai, em breve, lançar um disco novo. O Infinitas busca reunir isso tudo de mais pulsantes na cena e conectar a cena local com a de outros lugares”, acrescenta Fabrício sobre a junção desses dois projetos numa noite só, a próxima terça-feira (14), às 20h, no Teatro Universitário, em Vitória.
O evento marca o lançamento da nova fase do Infinitas, plataforma multicultural que evidencia os atuantes na nova música brasileira, promove encontros artísticos, vivências e shows em Vitória. “Os artistas têm muito desejo de tocar aqui, seja retornando ou vindo pela primeira vez. Aos poucos, a cidade tem se inserido nesse circuito e shows importantes da cena chegam ao Estado, tanto pelos nossos eventos quanto por meio de outros agentes culturais. Semana passada, a banda potiguar Far From Alaska tocou no Liverpub, em Vitória, com ingressos esgotados três dias antes do evento, mostrando que o público daqui está antenado e afim de ouvir e conhecer essa nova cena. Precisamos é que essas ações se multipliquem e Vitória entre definitivamente nesse circuito”, acrescenta Fabrício.
Em conversa com o Século Diário, a cantora Juçara Marçal falou sobre o viés do show que irão apresenta em breve; as experiências com os lugares que o trio passa; e o andamento do terceiro álbum do Metá Metá, entre outros assuntos. Confira:
Século Diário – Esta será a primeira vez do Metá Metá em Vitória, e por aqui o clima é de muita ansiedade. Gostaria que falasse um pouco do recorte do show que farão aqui, se haverá uma mescla de todos os trabalhos lançados, ou se focarão mais nos últimos. Qual é a expectativa do trio?
Juçara Marçal – O show do trio tem um repertório que mescla músicas do primeiro e do segundo disco, além de uma música do EP (Sozinho), e outras dos diversos projetos dos quais o Metá Metá participou, com Itamar Assumpção, Jards Macalé… Queremos fazer uma show especial em Vitória. Faz um tempo que conversamos com o pessoal do Infinitas, em entrevista que fizemos quando estávamos no Rio de Janeiro. Temos notícia de um público bastante animado com o show. Nós também estamos.
– Em meio às turnês em locais diferentes, como o Metá Metá se conecta de alguma forma à música local de cada Estado? (Aliás, diante da rapidez que é a passagem por cada local, é possível que isso aconteça?)
– Fica bastante difícil. A não ser que já haja uma conexão construída de outra forma e ao longo do tempo. Se isso acontece, fica mais fácil chegar no lugar e colocar em prática uma interação que já foi semeada. Nada impede que algo se inicie no dia do show. E daí, que as trocas se façam ali, e sobretudo, a partir dali.
– Falando em turnês, as experiências de shows no Brasil e na Europa resultam em material para os próximos trabalhos do Metá Metá?
– Tudo é material para os próximos trabalhos. Todo tempo livre juntos que temos é motivo pra iniciar ou dar continuidade a ideias musicais. Na turnê que fizemos na Europa, elaboramos duas músicas novas que já começam a pintar nos shows com a banda.
– O Metá Metá é apontado nos últimos anos como um dos nomes mais relevantes do cenário atual nacional. Esse reconhecimento por parte de muitos críticos de música refletem na receptividade do trabalho de vocês pela mídia, pelo público e artistas?
– O público que nos acompanha, e que vai crescendo à medida que o trabalho prossegue, é o principal indicador de que há um reconhecimento. Reconhecimento que também vem da crítica e de artistas que, como nós, trilham o caminho da música independente.
– Diante das escolhas musicais feitas nos últimos trabalhos do Metá Metá, já dá para tentar traçar o que vocês poderão apresentar no terceiro álbum? Já está em algum momento de concepção?
– Os trabalhos anteriores têm a canção como mote, mas a maneira de construir o arranjo em torno dessa canção é que mudou do Metá Metá (2011) para o Metal Metal (2012). No primeiro, a palavra está em relevo, a instrumentação é econômica; no segundo, os arranjos são mais pesados e a palavra, a voz, se mistura mais às texturas sonoras da base instrumental. No terceiro, ainda não sabemos o que vai virar. Temos duas músicas compostas durante a turnê, mas isso ainda é muito pouco pra definir o que será o som do disco.
Serviço
O show do trio Metá Metá (SP) e de Fepaschoal (ES), promovido pelo Infinitas, será realizado na próxima terça-feira (14), às 20h, no Teatro Universitário – Avenida Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória. Os ingressos do setor promocional custam R$ 30,00. Mais informações no evento do Infinitas.