Em entrevista publicada em abril de 2000 à revista Reflexus, do Curso de Teologia e do Programa de Mestrado em Ciências das Religiões da Faculdade Unida de Vitória, o pastor e professor Joaquim Beato traçou seu perfil de modo simples: “A minha formação básica é Bíblia, mas numa visão de que o pensamento bíblico não é um pensamento nascido nas alturas dos céus, mas nas lutas de cada dia”.
Nascido em Alegre em 6 de outubro de 1934, o pastor, professor e ex-senador Joaquim Beato morreu na manhã desta terça-feira (28), aos 91 anos, em Vitória. Ele passou 50 dias internado após sofrer queda no prédio em que morava.
O velório ocorreu na tarde desta terça na Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU) de Maruípe. Amigos, parentes e admiradores tomaram as cadeiras da igreja. O governador Paulo Hartung (PMDB) e o deputado federal Max Filho (PSDB) estavam entre os políticos presentes. Vitória Beato, segunda esposa de Joaquim, mostrava força e firmeza, mas estava visivelmente emocionada.
Figura respeitada e marcante na vida social do Espírito Santo, Joaquim Beato exerceu papel fundamental para a renovação da Igreja Presbiteriana. A conduta de perfil mais progressista angariou-lhe boa reputação não só entre os presbiterianos, mas também entre batistas e católicos. Em 48, formou-se bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul, em Campinas (SP). Desde 50 militava no presbitério de Vitória, em que recebeu o título de Pastor Emérito. Era conhecido pela eloquência quando assumia o púlpito da igreja.
Joaquim Beato não se valeu apenas de instrumentos estritamente bíblicos como ferramenta de trabalho. Com mestrado em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), obtido em 78, e doutorado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), em 81, foi professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Entre Lecionou Filosofia entre 72 e 91.
Beato também atuou no serviço público. Foi secretário estadual do Bem-Estar Social entre 83 e 86 e secretário estadual de Educação em 87. Foi secretário municipal de Cultura de Vitória em 93 e por períodos entre 94 e 96. Foi senador entre outubro de 94 e janeiro de 95. Em 1998, foi secretário municipal de Cidadania de Vitória. Entre 2004 e 2010, trabalhou como assessor especial da Casa Civil e da Secretaria de Estado da Agricultura.