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Hartung critica ???marcha da insensatez??? mas ignora movimento da bancada capixaba para minar Dilma

No final do mês passado, dias antes do encontro dos governadores com a presidente Dilma, Paulo Hartung (PMDB) conseguiu emplacar na mídia nacional sua posição sobre a crise político-econômica que o País atravessa. O governador capixaba admitiu que não havia clima para falar em “pacto”, mas defendeu a “convergência” como um caminho sensato para vencer a crise. Disse ainda que a “marcha da insensatez” era um jogo de “perde-perde” que não interessava a ninguém. 

Após a reunião com Dilma, Hartung ratificou seu discurso, mostrando que sua posição era de um governante consciente de que a lógica do “quanto pior, melhor” não era interessante para todos aqueles  que têm mandato até 2018. 

Foi justamente com esse propósito que Dilma reuniu os governadores em Brasília. Convencida de que as “pautas-bomba” armadas no Congresso podem inviabilizar sua governabilidade, a presidente apelou para os chefes dos executivos estaduais como via alternativa para tirar as bancadas da “marcha”.
Embora, em tese, Hartung já defendesse o discurso antes mesmo de ouvir o apelo de Dilma, na prática o governador parece ignorar a movimentação da bancada capixaba. 
A maioria dos deputados federais e senadores têm votado a favor das “pautas-bomba”, ignorando a posição do governador – se é que ele não está falando isso só da boca pra fora. 
Exemplo recente aconteceu na votação do PLC 28/2015, que reajusta os salários dos servidores do Judiciário em até 78%. A presidente, sem saída, foi obrigada a vetar o PLC, que deve retornar ao Congresso. 
A proposta foi aprovada pelos três senadores e sete dos dez deputados capixabas, que se tornaram “amigos do Judiciário” (vide imagem no início desta reportagem). Só se tornaram “inimigos” do Judiciário Sérgio Vidigal (PDT) e os deputados petistas Givaldo Vieira e Helder Salomão.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB), crítico contumaz do governo Dilma, é outro que parece não estar seguindo a posição de convergência defendida pelo governador. Após a propaganda do PT na última quinta-feira (6), o senador voltou a subir o tom contra a presidente: “Sinceramente, Dilma: sem VERDADE não tem solução para você e seu governo. Oportunidade perdida é como flecha partida!”, escreveu nas redes sociais. 
O senador Magno Malta (PR) já engrossa a “marcha da insensatez” já faz tempo. Rose de Freitas (PMDB), que completa a bancada capixaba no Senado, tem sentido a pressão de se colocar mais próxima da base governista. 
A senadora vem aproveitando algumas oportunidades para dar visibilidade ao seu mandato, como na cerimônia de anúncio da retomada das obras do Aeroporto de Vitória. Mas esse posicionamento também vem causando desgaste à senadora. 
Ante a manobra do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) para votar as contas dos ex-presidentes da República com o intuito de chegar às contas de Dilma, Rose reagiu. A senadora, presidente da Comissão Mista de Orçamento, entrou com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal questionando a pressa na votação. 
A posição de Rose, que neste episódio foi na contramão da marcha da insensatez, rendeu um turbilhão de críticas à senadora nas redes sociais. Manifestações raivosas que assustaram a senadora, como esta: “Joguei meu voto no Lixo para o Senado aqui no ES, quero voltar no tempo e tirar essa maldita mulher do Senado , essa filhote de Lula e do comunismo”, escreveu um internauta.
Para tentar mostrar que sua posição não era contra ou a favor de Dilma, mas pela legalidade, a senadora postou uma nota de esclarecimento. Mas nesta altura do campeonato, onde os antipetistas entendem que o julgamento das contas pode ser a via mais curta para o impeachment da presidente, as explicações de Rose parecem ter entrado por um ouvido e saído pelo outro.
Esse episódio deixa claro por que há tanta distância entre o discurso e a prática no posicionamento de Paulo Hartung. O governador tentou ganhar visibilidade como articulador da chamada “boa política”, mas também tem receio de ser identificado como aliado de Dilma. 
Ele já deve ter percebido que corre um grande risco em defender uma posição de convergência com o governo federal e ser atropelado pela “marcha da insensatez”. 

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