José Rabelo e Nerter Samora
Duas testemunhas do coronel Walter Gomes Ferreira foram ouvidas na tarde desta terça-feira (25) pelo juiz Marcelo Soares Cunha, que preside o júri popular do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, morto em março de 2003.
O coronel reformado Júlio César Lugato foi testemunhar com o intuito de defender a tese de latrocínio. Na época do crime, em março de 2003, Lugato era comandante-geral da PM. Ele disse que ficou sabendo da morte do juiz Alexandre na manhã do dia 24, quando seguia para o Quartel da PM. Ele teria avisado imediatamente o secretário de Segurança Rodney Miranda sobre o crime.
Lugato não conseguiu ser incisivo no seu testemunho. Demonstrava estar nervoso e algumas vezes caiu em contradição. Não chegou a prejudicar o réu, mas também não trouxe nenhuma importante informação forte o bastante para quebrar a tese de mando.
Já o testemunho do coronel Carlos Augusto perdeu a força quando o juiz questionou a ligação do oficial com os fatos. Ele admitiu que foi conhecer mais profundamente sobre o Caso Alexandre após a publicação do livro “Espírito Santo”, escrito por Rodney Miranda, Carlos Eduardo Ribeiro Lemos e Luiz Eduardo Soares.
O coronel disse que a publicação, que defendia a tese de mando e denegria a imagem da PM, o motivou a escrever o livro “Espírito Santo, a outra Face da Verdade”, que tentava desconstruir a tese de mando e provar que o juiz Alexandre foi vítima de um assalto seguido de morte.
Carlos Augusto, que trabalhou com Ferreira na Primeira Companhia em Itacibá, afirmou desconhecer o envolvimento do coronel com pistolagem ou crime organizado.
O depoimento do coronel Carlos Augusto ficou prejudicado quando veio à tona o fato de o juiz Carlos Eduardo ter saído vitorioso no processo por danos morais movido contra os autores da publicação, que foram condenados a indenizá-lo em R$ 260 mil.
No final das contas, os depoimentos das primeiras testemunhas pouco ajudaram o coronel Ferreira. Talvez, em alguns momentos, foram mais positivos para a acusação.
Na sequência do júri, ainda nesta terça (25), o juiz Marcelo Soares Cunha deve ouvir outra testemunha do coronel Ferreira, o também coronel Luiz Sérgio Aurich. O oficial, à época dos fatos, era chefe da Casa Militar do governo Hartung. O testemunho do coronel Aurich é aguardado com grande expectativa. Os observadores apostam que ele tem muita coisa a esclarecer sobre o crime que matou o juiz Alexandre.