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José Rabelo e Nerter Samora

Na manhã desta quinta-feira (27) foi ouvida mais uma testemunha de Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calú. O delegado André Cunha falou por mais de quatro horas sobre sua participação nas investigações do crime que matou o juiz Alexandre Martins de Castro Filho, em março de 2003, em Vila Velha. 

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Cunha presidiu o segundo inquérito, que investigou os intermediários e indícios de mando. O delegado afirmou que durante os cinco meses em que esteve à frente das investigações não encontrou elementos para concluir que o crime foi de mando. Para Cunha, as evidências apontavam para um latrocínio. Ele acrescentou também que não encontrou ligações do assassinato do juiz com os réus: coronel Walter Ferreira e Calú

 
O delegado também esclareceu que após cinco meses de investigação saiu de férias. Na ocasião, o delegado Danilo Bahiense achou melhor que o caso fosse deslocado para outro delegado dar prosseguimento ao inquérito. Cunha não se opôs e o caso foi assumido pela delegada Fabiana Maioral, policial que sempre teve forte ligação com o governador Paulo Hartung e com o secretário de Segurança Rodney Miranda. 
 
A delegada, após assumir o caso, deu outro rumo às investigações. Ela apontou a participação do coronel Ferreira como mandante do crime e concluiu em seu relatório final que o crime foi de mando. 
 
Cunha afirmou ao júri que durante o período em que investigou o crime tinha convicção de que se tratava de um latrocínio. Ele disse que seu colega, que também participou do caso, delegado Adroaldo Lopes, compartilhava a mesma tese. 
 
O delegado Cunha também deu detalhes sobre a prisão de Odessi da Silva Marins Júnior, o Lumbrigão. Ele disse que a operação foi coordenada pelo secretário Rodney Miranda e pelo subsecretário Fernando Francischini.
 
Após receberem a informação de que o criminoso estava escondido em Itararé, Vitória, Rodney conseguiu um “poderoso” mandado que permitia a vistoria de todas as casas do bairro.
 
Tortura
 
O juiz Marcelo Soares Cunha, que preside o júri, perguntou para o delegado André Cunha sobre as torturas que Lumbrigão teria sofrido, no momento da prisão, no prédio da Secretário de Segurança, que à época funcionava no edifício Fábio Ruschi, no Centro de Vitória. 
 
O delegado confirmou que Lumbrigão foi de fato levado para o prédio da Sesp, e não para a delegacia após a prisão, como é de praxe. Mas ele deduziu que a decisão foi pelo fato de se tratar de um crime de grande repercussão social. 
 
Ele também confirmou que Lumbrigão ficou apartado de outros presos detidos na operação em Itararé. Mas disse que não presenciou cenas de espancamento ou tortura e não percebeu ferimentos aparentes no criminoso. Cunha disse ainda que entrou na sala em que Lumbrigão estava algumas vezes. O delegado acrescentou ainda que não tem certeza do tempo que Lumbrigão ficou na Sesp. Disse que quando foi embora, à noite, o criminoso ainda era mantido no prédio. 
 
Máquina da verdade
 
André Cunha também confirmou que Lumbrigão foi submetido à máquina da verdade em duas ocasiões. Nas duas avaliações, segundo o delegado, a máquina acusou como verdadeira a declaração de Lumbrigão que reafirmava que o crime foi um latrocínio. 
 
A Promotoria questionou Cunha sobre o fato de o polígrafo ter flagrado mentiras no depoimento de Giliarde Ferreira, comparsa de Lumbrigão, sobre o crime. Ele respondeu ao promotor que se tais condições constam nos autos, foi o que aconteceu. E acrescentou: “Mas o resultado final de todo o trabalho é que houve um latrocínio”, concluiu.
 
A propósito, o perito Mauro Nadvorny seria a próxima testemunha de Calú a ser ouvida pelo júri nesta quinta-feira (27). O perito deve explicar tecnicamente o resultado do depoimento de Lumbrigão ao polígrafo. 
 
Ainda nesta quinta-feira, o juiz deve ouvir uma das testemunhas mais importantes no caso, o juiz aposentado Antonio Franklin. À época dos fatos, Franklin chegou a ser contratado pelo pai do juiz Alexandre e pela Associação dos Magistrados do Espírito Santo (Amages) para trabalhar como assistente de acusação junto com o Ministério Público no caso. Mas o criminalista acabou saindo do caso quando percebeu que havia uma farsa para confirmar a tese de mando.

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