Teve início neste domingo (30) o sétimo e (provavelmente) último dia do júri popular que irá decidir se os réus coronel Walter Ferreira e Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calú, são os mandantes do crime que matou o juiz Alexandre Martins de Castro Filho.
O dia de hoje é reservado aos debates entre acusação e defesa, que devem durar cerca de nove horas. Na sequência, o juiz deve anunciar a decisão dos sete jurados. A partir das 9h27 o Ministério Público abriu seu discurso na desconstrução das provas e testemunhas.
O promotor João Eduardo Grimaldi da Fonseca ratificou o pedido de condenação dos réus como mandantes da morte do juiz. Ao longo de 2h35 de exposição, Grimaldi citou trechos dos depoimentos das testemunhas que ligariam os réus aos executores do crime: Odessi Martins da Silva Júnior, o Lumbrigão, e Giliarde Ferreira.
Mesmo sem apresentar fatos de o coronel Ferreira e Calú teriam tramado a morte do juiz. O promotor fez um apelo aos jurados “aparem as arestas dos testemunhos e usem a inteligência para analisar os relatos.
Na avaliação de Grimaldi, a defesa dos réus estaria tentando explorar falhas no decorrer das investigações. “Não se pode pegar as falhas e dar magnitude a elas com o objetivo de ocultar a verdade”, advertiu. Ele chamou atenção para o fato de o juiz Alexandre ter sido morto justamente no dia em que dispensara sua escolta policial. “Não foi por coincidência”, provocou.
Durante sua manifestação, o promotor tentou minar as principais provas apontadas pela testemunhas de defesa de que o juiz teria sido vítima de um latrocínio. Ele acrescentou que o juiz aposentado e advogado criminalista Antônio Franklin, que foi testemunhou de Calú, teria chegado a conclusões equivocadas com o intuito de o juiz aposentado Antônio Leopoldo, que também é acusado (por omissão) por participação no assassinato.
A acusação também questionou o laudo do perito Mauro Juarez Nadvorny, que aplicou o polígrafo nos executores e concluiu pelo latrocínio.
Grimaldi também pôs em xeque a gravação feita pela mãe de Calú em um conversa que ela teria tido em 2005 com Florêncio Izidoro Herzog, primeiro promotor do caso (leia no quadro abaixo um trecho da gravação)
Promotor – Essa questão toda, esse trabalho de execração pública… eu falo negócio, eu falo crime organizado
Mãe de Calu – Que absurdo isso!
Homem – Mas não tem nada a ver crime organizado com esse processo
Promotor – Eu sei, não vai ter, não tem?… Não tem pra uma pessoa normal, mas pra imprensa, do jeito que esse Tribunal tá levando o negócio, tá de sacanagem, tá de bandalheira…quem que não quer?
Mãe de Calu – Uma coisa como mãe que tá pedindo ao senhor, pelo amor de Deus, julga de acordo com os autos que estão lá…Não se deixa levar pela imprensa, por favor, é um pedido de mãe
Promotor – Porque… se fosse por minha convicção, já tinha saído desse processo, já. Porque eu acho que esse não foi crime de mando, isso é um latrocínio
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João Grimaldi não negou que a voz de um dos interlocutores da gravação seja do promotor Herzog. Entretanto, ele questiona a data do áudio que, segundo ele, poderia ter sido obtido antes do acesso às demais provas dos autos.
A acusação seguiu a mesma lógica na tentativa de desconstruir o depoimento do delegado André Cunha, que alegou não ter encontrado evidências para caracterizar o crime como mando e nem tampouco dos réus com o assassinato do juiz Alexandre.
O julgamento segue na tarde deste domingo (30). O juiz Marcelo Soares Cunha, que preside o júri, deve passar a palavra para a defesa dos acusados. Essa fase de exposição deve durar três horas. Em seguida, o Ministério Público tem duas horas para a réplica. E a defesa igual tempo para a tréplica.
A expectativa é de que a decisão dos jurados seja conhecida na noite deste domingo.