Os capixabas estão pagando, e caro, pelo aquecimento do planeta. O nível do mar subiu 8 centímetros desde 1992, segundo apontou pesquisa da Nasa, divulgada no ultimo dia 26. Como consequência, há desmoronamentos de casas construídas junto ao mar, como em Nova Marataízes, em Marataízes, no litoral sul; na Ponta da Fruta, na Grande Vitória; e nas praias de Bugia e Guaxindiba, em Conceição da Barra, no litoral norte.
No Espírito Santo, as empresas que emitem os gases de efeito estufa, que levam ao aquecimento global, poluem livremente. Não são incomodadas nem pelo governo do Estado e prefeituras, tampouco pelos órgãos fiscalizadores, como o Ministério Público Estadual (MPES). Produzem o efeito estufa no Estado a Vale, ArcelorMittal Tubarão e Cariacica, Samarco e Aracruz Celulose (Fibria), entre outras empresas.
Nível do mar
A erosão do mar em Guaxindiba, Conceição da Barra, levou à intervenção do Ministério Público Federal no Estado (MPF/ES) em São Mateus, que estuda alternativas. Nesta região, o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER/ES) discute sua proposta para construção de um píer no local. A Bugia, no município, também é afetada.
Na Ponta da Fruta, em Vila Velha, a erosão já atingiu toda a faixa de areia. O problema se agravou este ano. A água levou muro de casas e árvores na praia.
E, em Marataízes, o aumento do mar destruiu a rua principal e as calçadas de Nova Marataízes. Muitos temem que, logo, as casas também comecem a desmoronar pela força do mar. A erosão em alguns pontos começou há três anos. Quiosques já foram destruídos na orla.
Medidas são cobradas pelos moradores. As que são adotadas, sempre emergências, têm elevado custo. Na prática, todas as construções junto ao mar no litoral capixaba poderão ser afetadas.
No estudo divulgado pela Nasa constatando um aumento de 8 centímetros no nível do mar desde 1992, é feita a observação de que a elevação está mais rápida, e há previsão de que haverá ainda mais danos: o nível do mar pode aumentar 90 centímetros até o fim do século. As agências de notícia citam que a elevação dos níveis dos mares está sendo mais rápida do que há 50 anos. Algumas áreas mostraram uma elevação de mais de 25 centímetros.
O Protocolo de Kyoto determina que sete gases do efeito estufa devem ter suas emissões reduzidas, para conter o aquecimento global: CO2 – Dióxido de Carbono; N2O – Óxido nitroso; CH4 – Metano; CFCs – Clorofluorcarbonetos; HFCs – Hidrofluorcarbonetos; PFCs – Perfluorcarbonetos; e, SF6 – Hexafluoreto de enxofre.
Poluição brava
No Espírito Santo, em 2011 já se previa que o Estado produzirá 29 milhões de toneladas por ano de CO2, um dos principais causadores do efeito estufa. Um aumento previsto de 17,8 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera. Cada tonelada de aço produzido permite calcular duas toneladas de carbônico (CO²) emitidos pelas indústrias de aço no país.
À época, só em Vitória, eram emitidas 11,2 milhões de toneladas de CO² pela ArcelorMittal, e previsto um acréscimo de mais de 7 milhões de toneladas de CO² no ar, isto na cidade mais poluída do País.
A partir do ano passado, só a ArcelorMittal Tubarão e Cariacica passou a emitir no ar da Grande Vitória cerca de 19 milhões de toneladas de CO², com produção de aproximadamente 8,5 milhões de toneladas de aço por ano.
No sul, a projetada Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), da Vale, como é a Samarco – já licenciada pelo governo Paulo Hartung – irá emitir 10 milhões de toneladas de gás carbônico por ano. Isto com a produção de 5 milhões de toneladas de ferro por ano, mas o projeto permite até dobrar a produção.
Com a poluição do ar produzida pela Samarco, que tem quatro usinas de pelotização em funcionamento, e quer uma quinta pelotizadora, o valor da emissão em Anchieta corresponderá a 28,3% dos gases estufa de todas as siderúrgicas existentes no País, segundo dados sobre poluição divulgados pelo Inventário Nacional dos Gases do Efeito Estufa.
Há ainda, a poluição produzida pelas oito usinadas de pelotização da Vale, no Planalto de Carapina.
A Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), a mais antiga ONG do Espírito Santo, alerta que o Estado está se transformando em um dos maiores centros emissores de gases estufa do mundo, em poucos anos. Juntas, somente a ArcelorMittal, Samarco Mineração, Belgo Mineira e a Vale emitem atualmente no ar 59 tipos de poluentes, muitos dos quais além de produzir o efeito estufa, também causam doenças, como o câncer.