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ONG quer comprovação de que Prysmian não contaminou a baía de Vitória

A ONG Juntos – SOS Espírito Santo Ambiental quer a comprovação do governo do Estado de que a Prysmian Energia Cabos e Sistemas do Brasil S.A, localizada em São Torquato, Vila Velha, não contaminou a baía de Vitória. A empresa derramou um produto tóxico de cor rosa na baía nessa quarta-feira (9), mas tanto a Prysmian como o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) alegaram que a quantidade não foi suficiente para causar contaminação.

Em solicitação ao secretário estadual de Meio Ambiente, Rodrigo Júdice, encaminhada nessa quinta-feira (10), a entidade solicita apresentação de “laudos técnicos certificados e acreditados” realizado por empresas “isentas de relação” com o Iema e a Prysmian, que garantam que não houve danos ao meio ambiente.

A ONG faz alusão à afirmação do diretor técnico do Iema, Albertoni Pereira, em matéria publicada pelo G1, em que alega que o efeito tóxico só ocorre em concentrações mais altas. Pereira garantiu ao jornal, ainda, que não foi verificado na região reclamações sobre odor e mortandade de peixes, e que será elaborado um relatório sobre o caso em dez dias.

 

A preocupação da entidade tem procedência. A Prysmian é conhecida dos ambientalistas por impactos que causa à baía de Vitória desde que se instalou em Vila Velha.

A empresa dragou a baía de Vitória e tem histórico de descumprimento de condicionantes ambientais. Tais irregularidades geraram assoreamento e má circulação da água, causando danos ao meio ambiente e prejuízos aos pescadores artesanais. Também pesa sobre a empresa a não utilização de equipamentos de contenção durante as obras de um aterro, o que permitiu o carreamento de sedimentos para o mar.

Os impactos contribuem para morte lenda e gradual da baía de Vitória. Há 40 anos, com as águas menos poluídas, botos (golfinhos) nadavam até o interior da baía, atingindo as proximidades da foz do rio Santa Maria da Vitória, no manguezal do Lameirão. Havia fartura de sardinhas, tainhas e quiras, entre muitos outros peixes. Siris eram pegos com facilidade. Em frente à atual sede da Polícia Federal havia camarão e caranguejo. As águas ainda eram transparentes.

Hoje, os peixes estão cada vez mais escassos. Os botos há muitos anos se afastaram da região. Ninguém se atreve a mergulhar para pescar na baía de Vitória, onde se via até meros de grande porte. Não há apenas a poluição visual, de lixo boiando, mas também de metais pesados e agrotóxicos.

Nada disso, porém, foi suficiente para o Iema deixar de conceder novas licenças ambientais à empresa.

Incentivos

A Prysmian se instalou no Estado graças a um polêmico processo de concessão de benefícios pelo governo e sem obrigações a cumprir.  A unidade capixaba da fábrica de cabos da empresa, compradora da unidade da Pirelli, começou a operar no início de setembro de 2006.  A área em que se instalou foi doada pelo governo do Estado.

A doação, que seria feita à Cotia Trading, empresa fundapeana que opera no ramo de importação no Estado, e que agenciaria o projeto para a Pirelli Cabos e Sistemas do Brasil, acabou sendo doada diretamente à Pirelli, após modificação realizada pelo governo Paulo Hartung.  A mudança ocorreu diante das dificuldades para aprovar o novo projeto para a fábrica na Assembleia Legislativa.  

Desde então, a empresa figura na lista de empresas doadoras de campanha de candidatos ao governo do Estado. No último pleito, Paulo Hartung (PMDB) recebeu R$ 100 mil da Prysmian.

 

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