“Saudade é uma espécie de arrependimento”. É assim que começa o primeiro capítulo do livro Escaras e Decúbitos, de Mara Coradello, que fez uma espécie de lançamento do livro no Centro Cultural Sesc Glória, no Centro de Vitória, na noite dessa quarta-feira (17). A frase foi o mote para Mara iniciar uma apresentação do livro e explicar os motivos que a levaram a escrever o livro, que para ela apresenta-se como uma obra que precisa ser mais trabalhada, para reparar o que ela considera errado. “Vi muitas falhas com o livro pronto, o final corre muito, por exemplo, quero reescrever esse livro, a longo prazo mesmo”, diz a escritora.
Junto a ela, Saulo Ribeiro também foi o convidado da noite para conversar sobre o livro Ponto Morto, a segunda edição lançada em 2014 pela Editora Cousa. A proposta era de que eles apresentassem os pontos em comum entre personagens, histórias, contextos e pudessem, em pouco tempo, falar de seus processos de escrita com um público pequeno, mas bem interessado.
“A Mara foi a primeira pessoa que me situou como escritor”, revelou Saulo. O autor surgiu dos universos dos blogs fazendo uma literatura por diversão nesse espaço virtual, uma literatura que fosse capaz de levar visões da rua, do cotidiano, para dentro do enredo.
Os pontos em comum entre as duas obras são, inclusive, essa espécie de ‘literatura de rua’, que coloca nomes de vielas, avenidas, ruas…a cidade caracterizada como personagem do livro. Saulo ainda comenta que percebe essa característica nos novíssimos escritores, as cidades estão cada vez mais presentes nos livros. Além disso, Escaras e Decúbitos e Ponto Morto ainda apresentam em comum um cenário de crime, em que personagens se relacionam direta e indiretamente a partir desses conjuntos.
“Cumpri uma etapa de voz em Ponto Morto e também no livro Diana no Natal, mas me pego num momento em que não sei para onde essa voz narrativa vai – estou nessa crise em busca de um novo romance. Acho que cheguei naquela fase em que a gente decide se vai continuar escrevendo ou vai parar”, afirmou Saulo sobre seus planos no ofício.
Já Mara planeja reescrever o livro e diz estar interessada em outras linguagens. “Dar oficinas de leituras, dar aulas como professora no ensino público, inclusive tive a oportunidade de conduzir uma leitura numa escola e foi um dos momentos que mais me senti escritora”, afirmou.
Ambos conversaram ainda com a plateia sobre a construção de romances e seus processos de escritas na Sala da Palavra – espaço no Sesc Glória que nos últimos meses tem conseguido realizar diversos encontros não só entre escritores locais, mas também de outros Estados.